No dia 26 de outubro de 2019, foi realizado na Aldeia Yupirungá, rua Cojubins, nº160, Tarumã-Açu, Manaus, a inauguração do museu vivo Centro de Ciências e Saberes Karapãna. O museu vivo, enquanto CCS demonstra um lugar social da concentração da memória coletiva, uma vez que componentes identitários da vida social dos povos Karapãna ficam visível a partir dos artefatos em exibição no Centro, tornando-se um elemento de agregação e reconhecimento de lutas pelos direitos territoriais.

Foto: Parte do público presente na inauguração do Centro de Ciências e Saberes Karapãna.

 

A liderança Maria Alice Karapãna a frente da organização do evento destacou o significado dessa conquista para o seu povo:

“A importância não é só material, mas também espiritual, familiar, de conhecimento, do que a gente traz ao longo dos anos através do meu pai, e que agora foi passado para nós, para as crianças, nossos filhos e netos. O CCS tem um valor muito maior que o dinheiro, ele tem valor histórico, de luta, identidade, de força, de resistência, de carinho, de afeto, de solidariedade e de partilha com todos. O museu vivo Karapãna traz muitos significados, a gente não consegue só em palavra exprimir tudo, é muito mais do que isso.”

Estiveram presente na cerimônia de inauguração indígenas residentes no Parque das Tribos, no Rio Cuieiras, na Aldeia Nova Esperança do Brasileirinho, Aldeia Santa Maria do Rio Tarumã-Açu, das etnias Baré, Tariano, Kokama, Munduruku, Karapãna, além das lideranças Maria Amélia da Federação das Organizações Quilombolas do Município de Barreirinha (FOQMB); Mário Karisú; Alcinéia Baré; Dirci Anita Karapãna (Cuieiras); o presidente da Associação dos Índios Kokama Residentes no Município de Manaus Sr. Cesár (AKIM), a Cacique da Aldeia Nova Esperança Maria do Socorro Kokama, a professora da Escola Indígena Kokama Janderline Santos, a professora da Escola Indígena do Parque das Tribos Claudia Baré, Joilson Karapãna liderança do Parque das Tribos, Marilda Karapãna liderança da Aldeia Santa Tereza, o Cacique Astério Martins representando a Associação da União dos Povos Indígenas do Livramento dos Rios Tarumã-Mirim e Tarumã-Açu (UPILLTA) e a Associação Indígena Yakamim Ruka (AIARU).

Também estiveram presentes representantes do Ministério Público Federal (MPF/AM) na figura do antropólogo Pedro Moutinho e da Assessora Isabela Sales; Matheus Antunes da Procuradoria Federal Especializada junto Fundação Nacional do Índio (PFE/FUNAI/AM); Messi Vasconcelos da Defensoria Pública do Amazonas (DPE/AM); Daniel Viegas da Procuradoria Geral do Estado (PGE/AM); o professor Glademir dos Santos da Secretaria Municipal de Educação (SEMED/AM); o professor Alvatir Carolino do Instituto Federal do Amazonas (IFAM/CMZL); o professor Alfredo Wagner coordenador do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), estudantes do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS/UFAM), Ciências Ambientais e Sustentabilidade da Amazônia (PPGCASA/UFAM), Geografia (PPGEOG/UFAM), além de convidados e pesquisadores do PNCSA, Luis Augusto, Pedro Mariosa, Rosiane Pereira, Mônica Cortêz, Eriki Aleixo, Aniceto Cantanhede, Micael Pimentel e Murana Arenillas.

Foto: Maria Alice Karapãna, no lado esquerdo da foto, mediando o evento de inauguração do CCS Karapãna.

 

Na ocasião a liderança Maria Alice Karapãna deu inicio a programação convidando o grupo formado pelos alunos da escola indígena Karapãna para a apresentação cultural do “O Dabakuri”.

Foto: Apresentação cultural dos alunos da escola indígena Karapãna “O Dabakuri”.

 

Após a apresentação Maria Alice Karapãna, mediadora da cerimônia, convidou as autoridades presentes para a composição da mesa de abertura.

Foto: Lideranças e autoridades na mesa de abertura de inauguração do CCS Karapãna. Em destaque na foto Joilson Karapãna.

Joilson Karapãna agradeceu a presença de todos os parceiros e ressaltou importância do território enquanto um lar em que as instituições ajudam a manter e criar.

Em fala o patriarca Karapãna Seu Manoel Paulino, no centro da foto acima, iniciou os agradecimentos compartilhando a emoção do povo Karapãna na inauguração do Centro de Ciências e Saberes.

O Professor Alfredo Wagner, acima na foto, sublinhou a relevância dos museus vivos no processo de lutas por direitos identitários e territoriais na Amazônia. Destacou a apropriação de uma nova forma da categoria de museu enquanto elemento de afirmação dos povos indígenas. Fez ênfase ao material produzido por esses povos, o catálogo exibido em mãos, e o esforço do povo Karapãna na elaboração, organização, classificação e montagem de todo o processo para a inauguração do CCS Karapãna.

Foto: Lideranças indígenas consultando o Catálogo do CCS Karapãna.

 

Da esquerda para direita: Cacique Astério Martins Baré, Professora Claudia Baré e Cacique Maria do Socorro Kokama, durante a mesa de abertura da inauguração do CCS Karapãna.

 

Claudia Baré, acima na foto, além de agradecer o convite também evidenciou a relevância do museu para a educação indígena; a Cacique Kokama Maria do Socorro narrou a da luta que os museus vivos enfrentam e a experiência do CCS Antônio Samias Kokama localizado na Aldeia Nova Esperança; o Cacique Astério Martins frisou a resistência indígena em toda a América e a possibilidade de criação de um CCS na RDS do Tupé; Dirci Anita Karapãna muito emocionada, contou com sentimento o significado de estar com seus parentes celebrando essa conquista.

Marilda Karapãna, acima na foto, destacou como o CCS Karapãna representa uma conquista de luta para seu povo. Por fim Isabela Sales ressaltou como essa conquista é de suma importância, trazendo para o MPF e outras instituições mais um elemento de afirmação do reconhecimento identitário para ajudar nos inquéritos.

A programação também contou, após o encerramento da mesa de abertura, com a apresentação dos grupos indígenas de dança Caxiri na Cuia e Karisú formado por indígenas de diversas etnias residente no Parque das Tribos.

Foto: Apresentação do Grupo Caxiri na Cuia durante a inauguração do CCS Karapãna.

Foto: Apresentação do Grupo Karisú durante a inauguração do CCS Karapãna.

 

Em seguida foi inaugurado o Centro de Ciências e Saberes Karapãna com a abertura simbólica da placa de inauguração.

Foto: No ato de abertura do CCS Karapãna, Manoel Paulino Karapãna (na esquerda) e Alfredo Wagner (na direita), fizeram a abertura simbólica do museu vivo.

 

Após a abertura, o público presente foi convidado a adentrar o espaço social do Centro. A visita foi conduzida pelo patriarca Karapãna Manoel Paulino, que na ocasião narrou a trajetória do Povo Karapãna até sua chegada ao Rio Tarumã-Açu, ressaltando as lutas e os conflitos presenciados e sofridos pelo seu povo. Maria Alice Karapãna e Joilson Karapãna também conduziram a visitação, destacando as memórias identitárias entrelaçadas aos artefatos em exposição no CCS.

Da esquerda para direita: Maria Alice Karapãna, Marilda Karapãna, Joilson Karapãna e Manoel Paulino Karapãna, narrando a trajetória do povo Karapãna até o presente, a conquista do Museu Karapãna.

Foto: Público presente na visitação do Centro de Ciências e Saberes Karapãna.

O encerramento contou com café da manhã e almoço com comidas e bebidas típicas do povo Karapãna.

A seguir, em anexo para download, disponibilizamos o Catálogo do Centro de Ciências e Saberes Karapãna e o álbum de fotos da preparação e da inauguração do CCS.

Informação técnica elaborada pela pesquisadora do PNCSA Ma. Murana Arenillas Oliveira
Fotos de autoria de Murana Arenillas