Apresentação

SOBRE O PPGCSPA

Desde julho de 2018 o Programa de Pós-Graduação em Cartografi a Social e Politica da Amazônia (PPGCSPA) está vinculada à Área de Antropologia junto a CAPES. Criado em 2013 a partir de uma Associação Temporária entre a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o PPGCSPA esteve inicialmente vinculado à Área de Ciência Política mantendo este vínculo durante os três primeiros anos de vigência. Ressalta-se que a proposta do PPGCSPA se desdobrou da especialização Sociologia das Interpretações do Maranhão, ocorrida na UEMA nos anos 2008-2009 e articula-se diretamente com o Projeto Nova Cartografi a Social da Amazônia (PNCSA), coordenado desde 2005 pelo antropólogo Alfredo Wagner. Na Amazônia os pesquisadores do PNCSA, na última década, já mapearam e produziram trabalhos acadêmicos sobre mais de duas centenas de povos e comunidades tradicionais, incluindo indígenas de diferentes etnias, quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, pescadores, ribeirinhos, piaçabeiros, peconheiros, arumanzeiros, castanheiros, seringueiros e povos de terreiros. No cerrado já foram catalogadas comunidades de fundo de pasto, vazanteiros, guaizeiros e quilombolas. Trata-se de uma produção acadêmica com temas voltados para processos de territorialização, territorialidades específi cas, tradições, identidades, saberes e conhecimentos, etnias, atos de Estado e movimentos sociais. A produção acadêmica dos docente e discentes é fortemente direcionada a refl exões críticas sobre realidades localizadas e processos sociais em curso na Amazônia. A Amazônia se confi gura, contemporaneamente, como um espaço social marcado por confl itos e problemas ambientais decorrentes de disputas territoriais intensas que envolvem agentes sociais diferenciados. Na Amazônia existem diversos grupos étnicos que possuem maneiras próprias de construção de suas territorialidades, as quais nem sempre são consideradas pelo ordenamento territorial vigente, nem tampouco pelas políticas governamentais e pelos empreendimentos econômicos privados. Os mapeamentos já produzidos ofi cialmente retratam aspectos relacionados ao meio físico ou subsolo e são construídos, em algumas situações, sob a ótica da intervenção e de integração das comunidades tradicionais ao modelo hegemônico de concepção de sociedade. A denominada “nova cartografi a social e política”, diferentemente das cartografi as convencionais, tem como objetivo a identifi cação das modalidades segundo as quais os agentes sociais acionam questões étnicas e constroem os seus pertencimentos, suas cosmovisões e saberes, em inter-relação com diferentes ecossistemas. Consoante seus termos, considera essas territorialidades específi cas como propiciando visibilidade aos modos de criar, fazer e viver dos diferentes povos e comunidades tradicionais. O debate atual acerca do  modelo de desenvolvimento da região amazônica introduz novas questões a respeito das perspectivas que se têm colocado em prática no modo de concepção das medidas relativas a tal desenvolvimento. Permite, através deste debate, estabelecer uma interlocução constante com temas e problemas tais como: meio ambiente, desenvolvimento sustentável e patrimônio histórico de forma a viabilizar análises críticas a respeito das formulações concernentes a “ecossistema”, “sustentabilidade” e “tombamento”. A análise crítica de tais formulações, levando em conta as formas de territorialidades diversas, vivenciadas pelas comunidades tradicionais, faz dessa região um importante locus de pesquisa que exige o acionamento de múltiplos instrumentos metodológicos que sejam apropriados para a identifi cação das especifi cidades dos processos de construção territorial e dos confl itos a eles referidos. Atualmente o PPGCSPA tem investido não apenas em convênios nacionais, mas também em internacionais; no desenvolvimento de projetos de pesquisa; organização de eventos e cursos de capacitação para diferentes formas organizativas, seja na Colômbia, no Quênia ou na região do Chaco (Argentina).

LINHAS DE PESQUISA DO PPGCSPA

A. CARTOGRAFIA SOCIAL, POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS, TERRITORIALIDADES E MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMAZÔNIA.

A linha de pesquisa tem como objetivo principal refletir teoricamente sobre a Amazônia à luz dos temas Cartografi a Social, Territorialidades e Movimentos Sociais. Como instância de produção de conhecimento, a chamada cartografi a social evidencia a perda de hegemonia das condições de produção do conhecimento cartográfi co, intrínseco, até então, aos aparatos de Estado. Os produtos cartográfi cos que resultam das experiências de autocartografi a divergem dos mapas ofi ciais por deslocarem o foco da análise do quadro natural e sua ênfase em aspectos como clima e relevo para a refl exão crítica sobre a dinâmica de situações de confl ito e antagonismos sociais. Tal deslocamento torna evidente o trabalho intelectual e permite refl etir sobre a necessidade de relativizar os princípios objetivistas de classifi cação, que fazem crer que o ato de produzir está ancorado no mundo dos objetos, isto é, numa realidade objetiva ou dada pela natureza. Serão tomados para análise os produtos cartográfi cos que resultam da cartografi a social e o campo de disputa em relação à interpretação legítima sobre os espaços territoriais que lhes são correspondentes. Nesse sentido, a linha de pesquisa Cartografi a social, territorialidades e movimentos sociais na Amazônia tem como contribuir para a análise crítica a respeito das condições do saber cartográfi co. Ao buscar conhecer o conhecimento a proposta desta linha de pesquisa opõe-se à visão dos positivistas, que concebem o trabalho de divisão do espaço, materializado pelos mapas, como reprodução fi dedigna de uma realidade tida como objetiva. Em oposição a esta abordagem, propomos ressaltar que o ato de produzir um mapa compreende um ato de classifi cação. Ao indagarmos sobre as vicissitudes da produção cartográfi ca, a abordagem sugerida por esta linha de pesquisa propõe tomar por objeto a lógica da pesquisa e não do objeto de pesquisa. Em se tratando de experiências de autocartografi a os produtos cartográfi cos em jogo não dispensam critérios identitários e formas de viver e de existir específi cas, assim como dão visibilidade a sistemas de relações sociais balizados por confl itos sociais - agudos por vezes - e situações de antagonismos que nos interessa analisar. As condições de produção desses mapas estão, assim, referidas inúmeras formas de mobilização social, desde movimentos sociais organizados a diferentes formas associativas.

B. NARRATIVA, MEMÓRIA E IDENTIDADES COLETIVAS NA AMAZÔNIA.

Esta linha de pesquisa tem por objetivo desenvolver estudos sobre os elementos que compõem o patrimônio cultural imaterial, entre eles as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas, bem como objetos, artefatos e lugares, reconhecidos por povos, comunidades ou grupos, como elementos de seu patrimônio cultural, comumente acionados na afirmação de suas identidades. A intenção é fazer uso das narrativas orais e escritas, de forma a cartografar a memória coletiva dos povos, grupos e comunidades que vivenciaram diferentes processos de ocupação e que atuaram como sujeitos importantes no delineamento de formas de organização política da Amazônia. Tais pesquisas revelarão as atuais condições de vida e dilemas desses povos, comunidades e grupos sociais, no que tange às questões ambientais, econômicas, sociais e culturais. A cartografia dessa memória evidenciará produções simbólicas que expõem a escrita oficial, face ao conjunto de relações sociais e situações de conflitos construídas nesses processos de ocupação, podendo constituir-se em ferramenta para a discussão do planejamento público na definição de suas políticas.

C. ESTADO, GOVERNO, POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO E TERRITORIAL NA AMAZÔNIA

Esta linha de pesquisa tem por objetivo desenvolver análises acerca do Estado, enquanto poder político e enquanto campo de disputa pela legitimação de modelos de desenvolvimento em construção na sociedade. Tais análises contribuirão para a compreensão das intervenções governamentais que visam a implementação de políticas de desenvolvimento, conjugadas com interesses econômicos privados, na Amazônia. A refl exão crítica desses processos implica um diálogo permanente entre diferentes disciplinas, em particular a ciência política, a antropologia, a sociologia e a economia, visando uma interpretação mais acurada da dinâmica do capitalismo, em sua face mundializada, na região amazônica. Compreendendo a Amazônia, enquanto espaço plural, tanto nos aspectos politicos, econômicos, sociais, quanto ambientais e culturais, o curso de Mestrado Cartografi a Social e Política da Amazônia, por meio desta linha de pesquisa, incluirá também no seu foco de análise, as tensões que emergem, a partir da implementação de empreendimentos econômicos privados e de políticas de desenvolvimento, sobre territorialidades específi cas. Neste aspecto, serão observadas as diferentes formas de mobilização política que se estruturam na disputa por tais territorialidades e pelo reconhecimento das diferentes formas de organização da vida social existentes na  Amazônia.

 

PROJETOS DE PESQUISA

1. Cartografia Social e Saberes Tradicionais: ensino, pesquisa e função cosmopolita (PROCAD - CAPES).

2. Estratégias de Desenvolvimento, Mineração e desigualdades: cartografia social dos conflitos que atingem povos e comunidades tradicionais na Amazônia e no Cerrado (CLIMATE LAND ALLIANCECLUA).

3. Experiência de criação de Museus Vivos na afirmação de saberes e fazeres representativos dos povos e comunidades tradicionais (CNPq).

4. “Conflitos Sociais e Desenvolvimento Sustentável no Brasil Central” (FUNDAÇÃO FORD).

 5. Cartografia da Cartografia Social: uma síntese das experiências (Fundação Ford -FORD).

 6. Cartografia Social como Estratégia de Fortalecimento do Ensino e da Pesquisa Acadêmica (FORD).

7. “Cartografia Social dos Babaçuais: mapeamento social da região ecológica do babaçu”(- FUNDAÇÃO FORD).

8. Brasil e Quênia: uma análise comparativa. Nova Cartografia Social dos Efeitos de Megaprojetos e Políticas Governamentais de Infraestrutura e Investimentos na Amazônia Brasileira e no Oeste do Quênia (Fundação Ford).

9. Projeto Nova Cartografia Social: Quilombos do Brasil (SEPPIR/PNUD)

10. Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA).

11. Dentre outros (UNIVERSAL/FAPEMA; UNIVERSAL/CNPq; PIBIC; Projetos de Extensão Acadêmica)


OBJETIVO GERAL: Formar quadros capazes de refletir teoricamente e a partir da pesquisa etnográfica sobre as situações que estão em curso na Amazônia, com ênfase nas ações estatais e privadas, bem como nas representações e práticas dos agentes sociais que acionam uma identidade coletiva.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Analisar os procedimentos de intervenção como atos de poder que perpassam uma diversidade de experiências na Amazônia contemporânea, em especial as representações cartográficas oficiais e a fundamentação que oferecem às intervenções;
  • Examinar e decompor os elementos contraditórios de planos, projetos e programas governamentais;
  • Analisar as representações sobre os povos indígenas, quilombolas e grupos sociais ativos dessa intervenção, principalmente os denominados “povos e comunidades tradicionais”.
  • Investigar as interpretações das relações socioeconômicas retratadas por acadêmicos, técnicos e políticos;
  • Refletir criticamente sobre a atuação do Estado na região Amazônica;
  • Analisar as representações, expressões, conhecimentos e técnicas, bem como objetos, artefatos e lugares, reconhecidos por povos, comunidades ou grupos, comumente acionados na afirmação de suas identidades.

PERIOCIDADE DA SELEÇÃO: Anual.

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Estado Comunidade Tradicional e Territorialidade na Amazônia. A área de concentração do Mestrado em Cartografia Social e Politica da Amazônia estabelece uma interconexão entre pesquisadores e agentes sociais, representantes de povos e comunidades tradicionais, considerando o mapeamento dos aspectos étnicos, políticos, culturais, sociológicos, econômicos e geográficos.

DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS

• Cartografia Social e Política da Amazônia.

• Teoria Antropológica I.

• Teoria Antropológica II.

• Metodologia da Pesquisa.

• Seminário de Dissertação.

 

DISCIPLINAS OPTATIVAS


• Estado, Cultura e Política.

• Sociedade Civil e Realidade Amazônica.

• Antropologia do Poder: Descolonização, Política e Identidade.

 • Antropologia da Perfomance.

• Antropologia, Linguagem Cinematográfica e Patrimônio.

• Direitos Humanos: Perspectivas Teóricas e Práticas.

• Pensamento Social no Brasil .

 • Plantation e Emergência Camponesas: Engenhos Centrais e Engenhos no Maranhão.

• Práticas Etnográficas.

• Antropologia Contemporânea.

• Violações de direitos e danos em conflitos e desastres socioambientais.

• Leituras e Práticas em Planejamento Internacional: Nova Cartografia Social e Identidades Coletivas.

• Literatura da Amazônia e Antropologia da Amazônia: Campos em Diálogo. • Noções Básicas de Cartografia Clássica.

• Território e Poder.

 

PROFESSORES PERMANENTES

Alfredo Wagner Berno de Almeida (UEMA/UEA)

Arydimar Vasconcelos Gaioso (UEMA)

Cynthia Carvalho Martins (UEMA)

 Emmanuel de Almeida Farias Júnior (UEMA)

Greilson José de Lima (UEMA)

Helciane de Fátima Abreu Araujo (UEMA)

 Jurandir Santos de Novaes (UEMA)

Karina Bionde (UEMA)

Patrícia Maria Portela Nunes (UEMA)

Rosa Elizabeth Acevedo Marin (UFPA)

 

PROFESSORES COLABORADORES

Otávio Guilherme Cardoso Alves Velho (UFRJ)

 José Sérgio Leite Lopes (UFRJ)

 João Pacheco de Oliveira (UFRJ)

Heloisa Maria Bertol Domingues (MAST)

Camila do Valle (UFRRJ)

 

COORDENAÇÃO

Coordenadora: Patrícia Maria Portela Nunes (UEMA)

Vice: Cynthia Carvalho Martins (UEMA)

 

PPGCSPA INFORMAÇÃO UEMA – Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) Cidade Universitária Paulo VI s/n Tirirical CEP: 65055-97– São Luís – MA E-mail: mestradocartografia@hotmail.com Site: www.ppgcspa.uema.br Telefone: (98) 2106-8600 (ramal 8632)

 


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Coordenação do Programa

  • - ARYDIMAR VASCONCELOS GAIOSO

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  • - ANICETO CANTANHEDE FILHO

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