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ESTRUTURA VEGETAL, CARACTERIZAÇÃO DE FRUTOS E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ASSOCIADOS AO MANEJO DA Hancornia speciosa Gomes NO CERRADO COM E SEM INFLUÊNCIA DO FOGO.
Mangabeira, etnobotânica, campos nativos queimados.
O presente trabalho objetiva investigar a estrutura do estrato arbóreo, a caracterização dos frutos, assim como os conhecimentos etnobotânicos associados à mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) em áreas de Cerrado, considerando a influência do fogo tradicionalmente utilizado no manejo tradicional de pastagens nativas em áreas de ocorrência de H. speciosa. A pesquisa foi conduzida no Projeto de Assentamento da Reforma Agrária Rio Pirangi, na comunidade Patizal, localizado no município de Morros, Estado do Maranhão. Foram avaliadas duas áreas: uma com recorrência anual de uso de fogo e outra não queimada. A metodologia incluiu a caracterização fitossociológica por meio do método de parcelas e a análise de variáveis morfométricas e químicas de frutos coletados de 30 plantas matrizes. Além disso, foram realizadas entrevistas etnobotânicas com a comunidade local para compreender o manejo tradicional da mangabeira. Os resultados indicaram que a área sem fogo apresentou maior diversidade de espécies, segundo Índices de Diversidade de Shannon, enquanto a área com fogo apresentou maior diâmetro e altura das plantas. A prática tradicional do fogo nos campos nativos demonstrou impactos negativos na biodiversidade, como a diminuição da diversidade de espécies e plantas com menor quantidade de ramos secundários. O fogo não teve influência significativa para na maioria das variáveis analisadas de qualidade do fruto, com exceção a acidez titulável que foi maior na área queimada e em contrapartida a relação ºBrix/Acidez foi maior na área que não teve a presença do fogo. A etnobotânica revelou a importância do conhecimento local para o manejo sustentável da mangabeira, tendo em vista que adotam não realizar colheita no primeiro dos quatro da safra para destinar a alimentação da fauna silvestre. Conclui-se que a presença do fogo influencia significativamente a estrutura e a diversidade da vegetação da H. speciosa. A valorização dos saberes tradicionais relacionado mangaba é necessária para a formulação de políticas públicas que promovam a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável do Cerrado Brasileiro baseado na economia da sociobiodiversidade, uma vez que conserva ao mesmo tempo que gera renda para as comunidades, e se apresenta como uma solução viável ao controle dos efeitos das mudanças climáticas.