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A CIDADE ESTÁ NO HOMEM, O HOMEM ESTÁ NA CIDADE: Paisagem e Memória em Poema sujo, de Ferreira Gullar
Poema Sujo. Memória. Paisagem. Espaço.
A obra Poema sujo de Ferreira Gullar é considerada pela crítica moderna uma “Canção do Exílio”. Com um depoimento sobre si, os outros e sobre a sua cidade, representado em versos, a obra possibilita diferentes leituras. Assim, objetiva-se analisar em Poema sujo o processo de rememoração, considerando a percepção da paisagem, perpassada pelo entendimento de que o eu lírico revisita os espaços das vivências e da construção da
paisagem, a partir de suas experiências. É através da memória que o sujeito ressignifica objetos, pessoas, espaços e lugares de pertencimento a partir de impressões, sentimentos e sensações. Ao descrever paisagens, através da rememoração, o sujeito destaca o vigor e a delicadeza do ambiente. Diante disso, considera-se relevante a relação entre memória e paisagem em Poema sujo, tendo como elo principal a experiência do sujeito com pessoas, acontecimentos e lugares que, de certo modo, geram influência no indivíduo no presente da
rememoração e, ao serem transmitidos em meio aos versos, evita o esquecimento. As paisagens descritas partem das experiências vividas pelo sujeito poético em seus lugares de acolhimento. Na perspectiva memorialística, a pesquisa está fundamentada no pensamento de Benjamin (2012), Halbwachs (2006), Sarlo (2007), Gagnebin (1994; 2009); quanto à paisagem, adota-se a visão de Collot (2012; 2013, 2015), Feitosa (2013), Schama (1996), dentre outros que se fizerem necessários. Propõe-se estabelecer um diálogo com as teorias do espaço, com foco nos estudos de Bachelard (2005) e Brandão (2013). Assim, a leitura desta obra, através das proposições supracitadas, torna-se um meio de compreender como o fluxo memorialístico, as paisagens ressignificadas e as experiências do sujeito poético influenciam suas impressões, sentimentos e o modo de entender a si mesmo e os outros.