PELAS RUAS DA PRAIA GRANDE: o caminhar como experiência, mobilidade e suas contradições socioespaciais no Centro Histórico de São Luís
THROUGH THE STREETS OF PRAIA GRANDE: walking as an experience, mobility and its socio-spatial contradictions in the Historic Center of São Luís.
O Centro Histórico de São Luís (CHSL), conhecido por seu valor cultural e arquitetônico, enfrenta desafios típicos de áreas centrais históricas, como esvaziamento populacional, mercantilização e intervenções modernizadoras que afetam a experiência urbana. Bairros como Praia Grande, Desterro, Madre Deus e Camboa fazem parte dessa área, que desde o final do século XX é objeto de programas de requalificação, voltados principalmente para o turismo. Contudo, tais iniciativas apresentam limitações na promoção de uma mobilidade ativa e democrática, revelando fragilidades na criação de uma experiência urbana integradora para os pedestres. A pesquisa tem como objetivo investigar como as transformações do CHSL afetam a caminhabilidade e a experiência urbana dos pedestres. Três objetivos específicos orientam o trabalho: (1) analisar a evolução morfológica e urbana do CHSL e os efeitos das intervenções no caminhar; (2) explorar a relação entre urbanização, direito à cidade e mobilidade ativa, destacando o caminhar como uma prática socioespacial; e (3) compreender os usos e percepções dos pedestres na Praia Grande, por meio de cartografias e passeios comentados. Os conceitos centrais que fundamentam o estudo são mobilidade, caminhabilidade, experiência do lugar e direito à cidade. A caminhada é entendida não apenas como deslocamento funcional, mas como uma prática que conecta o indivíduo ao espaço de forma sensível e subjetiva. Inspirada em autores como Lefebvre (1991), Harvey (2014) e Carlos (2017), a pesquisa trata o caminhar como uma forma de reivindicação do direito à cidade. Teóricos como Gehl (2013), Careri (2013) e Speck (2016) defendem que a caminhabilidade é essencial para promover cidades mais vivas e seguras. A metodologia da pesquisa combina o materialismo histórico-dialético e a fenomenologia da percepção, permitindo uma análise integrada das dimensões objetivas e subjetivas da caminhada. São utilizados dois principais instrumentos: (1) cartografias, que mapeiam as características físicas do espaço urbano, e (2) passeios comentados, que registram as percepções e experiências dos pedestres. Essa abordagem permite investigar como as políticas urbanas se refletem na vivência cotidiana. A dissertação é organizada em quatro capítulos. O primeiro aborda os fundamentos teóricos e metodológicos. O segundo apresenta a evolução urbana e patrimonialização do CHSL. O terceiro discute a relação entre mobilidade, urbanização e direito à cidade. O quarto analisa as experiências e contradições da caminhada no CHSL, a partir de cartografias e passeios comentados.