USO CORPORATIVO DO TERRITÓRIO POR SERVIÇOS DE SAÚDE E SEUS REFLEXOS NA PANDEMIA DE COVID-19 NA REGIÃO GEOGRÁFICA IMEDIATA DE IMPERATRIZ, MARANHÃO, BRASIL
Uso seletivo do território. Atenção à saúde. Sars-Cov-2 Região Geográfica Imediata de Imperatriz.
A seletividade no uso do território pelos serviços de saúde na Região Geográfica Imediata de Imperatriz, no sudoeste do Maranhão, reflete a concentração dos recursos de média e alta complexidade nos principais centros urbanos, enquanto áreas periféricas permanecem marginalizadas. A pandemia de covid-19, acentuou essas desigualdades regionais e sobrecarregou a infraestrutura pública de saúde. Nesse cenário, Imperatriz, como centro urbano de maior densidade técnica e institucional da região, passou a concentrar a oferta relativa de serviços especializados ainda que de forma insuficiente frente à demanda ampliada. A ausência de estrutura nos municípios circunvizinhos levou seus habitantes a se deslocarem para Imperatriz em busca de atendimento, intensificando os fluxos intermunicipais e contribuindo, assim, para a aceleração da propagação do vírus no interior do estado. A pesquisa adota como recorte a Região Geográfica Imediata de Imperatriz, definida a partir da centralidade funcional exercida pelo município de Imperatriz sobre os demais 16 municípios que a compõem. Metodologicamente, a pesquisa estrutura-se em duas etapas: a primeira corresponde à pesquisa bibliográfica e à fundamentação teórica, utilizando autores como, Claude Raffestin, Rogério Haesbaert, Marcelo Lopes de Souza, Lucas Labigalini Fuini, David Harvey, Maria Laura Silveira, Milton Santos e outros. Além disso, sistematiza e analisa dados secundários provenientes do Departamento de Informática do SUS (DataSUS), o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), a Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A segunda etapa, além da revisão de literatura, envolveu a sistematização de dados secundários, combinada com a produção cartográfica de mapas temáticos, tabelas, fluxogramas, gráficos e redes de conexões intermunicipais, com o objetivo de ilustrar as dinâmicas territoriais, os padrões de mobilidade durante a pandemia e as múltiplas desigualdades identificadas. Os resultados indicaram que a distribuição seletiva dos serviços intensificou a mobilidade de pacientes e evidenciou as fragilidades da regionalização do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa lógica de uso seletivo do território contribuiu para o aprofundamento das desigualdades regionais na oferta de serviços de média e alta complexidade, uma vez que houve concentração dos recursos no principal centro urbano da região geográfica. Com isso, tornou-se ainda mais visível a dependência das áreas periféricas em relação à estrutura regional do SUS e a insuficiência da infraestrutura pública para responder adequadamente a crises sanitárias, fator que condicionou deslocamentos constantes por parte da população em busca de atendimento.