Achatina fulica Bowdich, 1822 no estado do Maranhão: aspectos geográficos, ambientais e parasitológicos com ênfase na Microrregião da Aglomeração Urbana de São Luís
Caracol Africano. Distribuição Espacial. Metastrongyloidea. Biodiversidade. Nematódeos. Ecologia.
O molusco Achatina fulica é uma das cem piores espécies exóticas invasoras do mundo. Atualmente, A. fulica encontra-se presente em todo o território brasileiro. Considerando a ausência de dados específicos sobre a ocorrência de A. fulica no estado do Maranhão e os impactos causados por A. fulica, essa pesquisa buscou investigar a ocorrência de A. fulica infectado por larvas de nematódeos, sua distribuição e os impactos que essa espécie vem causando no Maranhão. Foram utilizados dados secundários sobre locais de ocorrência de A. fulica no Maranhão, disponibilizados pela SEMUS e pelo acervo da CoFauMA. Utilizou-se como estratégia adicional o “projeto Ciência Cidadã: a procura do caramujo africano no Maranhão”. Após a coleta de dados, foram elaborados sete produtos cartográficos relacionados a presença de A. fulica no Maranhão. Além disso, foram realizadas coletas de exemplares vivos de A. fulica em 8 pontos da Microrregião da Aglomeração Urbana de São Luís. Os moluscos coletados foram mensurados e classificados quanto ao comprimento total da concha. Posteriormente, 40 exemplares de cada ponto de coleta foram submetidos à técnica de digestão artificial para recuperação das larvas de nematódeos. Foi realizado o cálculo dos descritores parasitológicos dos nematódeos e o teste de correlação de Spearman para avaliar a relação entre o comprimento total de A. fulica e a quantidade de parasitos presentes no hospedeiro. A presença do molusco foi verificada em 82 biótopos totalizando o registro dessa espécie em 22 municípios do Maranhão. Além disso, o estudo revelou a ocorrência desse molusco invasor em 11 Unidades de Conservação. Verificou-se também que A. fulica estará distribuída em toda a faixa do sistema costeiro do Maranhão nos próximos dez anos. Portanto, o risco de ampla dispersão de A. fulica poderá gerar potenciais impactos negativos à saúde pública e ao meio ambiente. Quanto aos aspectos parasitológicos, foram examinados 320 espécimes de A. fulica provenientes da microrregião da Aglomeração Urbana de São Luís e 40 moluscos foram depositados na CoFauMA. Cerca de 91,88% moluscos foram classificados como adultos jovens. Observou-se uma correlação positiva fraca entre o comprimento total de A. fulica e a quantidade de parasitos (r = 0,4119) e estatisticamente significativa (p = 0,046), indicando que, em média, moluscos maiores tendem a apresentar a maior quantidade de parasitos. Em todos os pontos de coleta foi detectado infecção por nematódeos em A. fulica. Dos 320 moluscos analisados, 30,6% estavam infectados por Rhabditis, 26% por parasitos da superfamília Metastrongyloidea e 15,4% por Cruzia tentaculata. Todos os locais apresentaram condições favoráveis a proliferação do molusco invasor. Além da presença de A. fulica, foi detectada em alguns pontos de coleta a ocorrência de outras espécies de gastrópodes terrestres como Subulina octona, Bradybaena similares, lesmas, Bulimulus tenuissimus, Cyclodontina fasciata. Reforçamos a importância de conduzir mais estudos em ambientes terrestres no estado do Maranhão para avaliar a ocorrência e monitorar a presença de A. fulica, a fim de minimizar os possíveis impactos negativos que essa espécie pode causar na conservação da biodiversidade local, competindo com outros gastrópodes terrestres nativos por recursos e alterando os ecossistemas.