INFLUÊNCIA DE MÚLTIPLAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS NA ESTRUTURAÇÃO DE COMUNIDADES MACROINFAUNAIS NATIVAS E EXÓTICAS DE ÁREAS PORTUÁRIAS DA COSTA AMAZÔNICA MARANHENSE
Bioindicadores; Estuario; Heteromastus sp.; Polichaetas; Salinidade.
A faixa costeira, rica em ecossistemas como manguezais e estuários, enfrenta tanto processos naturais quanto pressões humanas, ela abriga uma vasta gama de espécies como a macrofauna bêntica, que são excelentes bioindicadores de qualidade ambientais. Analisar a macrofauna bentônica em áreas portuárias da Costa Amazônica é crucial para o monitoramento e conservação ambiental, revelando os impactos das variáveis ambientais nesses ecossistemas sensíveis. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é analisar a influência de múltiplas variáveis ambientais na estruturação das comunidades de invertebrados macroinfaunais nativas e exóticas em áreas de influência direta e indireta de terminais portuários da Costa Amazônica, na região do Golfão Maranhense, Brasil. A metodologia envolveu a coleta de dados durante uma campanha de amostragem, no período de estiagem, em sete pontos ao longo do Golfão Maranhense: quatro próximos aos portos e três em áreas de menor impacto humano. Foram coletadas 70 amostras de sedimento no total, sendo 10 por ponto, para análise da composição faunística e uma em cada ponto para análise de granulometria e MO. Foram aferidas salinidade, pH e oxigênio dissolvido da água. Os sedimentos foram analisados para determinar granulometria, teor de matéria orgânica e concentrações de metais traços, enquanto a fauna bentônica foi identificada e quantificada para análise da estrutura das comunidades. Os resultados mostraram uma variação significativa nas condições ambientais entre os pontos de amostragem. A salinidade variou de 20,1 a 30,6, com média de 25,5; os níveis de oxigênio dissolvido variaram de 3 mg/l a 6,7 mg/l; e o pH variou de 7,7 a 8,1. O sedimento era composto predominantemente de silte, seguido por argila e areia fina. A presença de metais traços, como alumínio, cobre, cromo, ferro e manganês, foi mais alta nas áreas menos impactadas, especialmente em Alcântara. Foram identificados 3.245 espécimes de macrofauna bentônica, distribuídos em 39 táxons. A maior riqueza e densidade foram registradas em Alcântara, especialmente nos pontos 2 e 3, enquanto Rio dos Cachorros apresentou a menor diversidade. Espécies como Heteromastus sp., oligochaetas e Streblospio benedicti foram predominantes, apresentando correlação positiva com a matéria orgânica e negativa com a salinidade e o pH. A análise de correspondência canônica (CCA) revelou que a distribuição das espécies bentônicas em Alcântara e Porto Grande é significativamente influenciada por variáveis ambientais e metais traços. Em Alcântara, alumínio e ferro impactaram negativamente as comunidades, enquanto em Porto Grande, o manganês e o cromo tiveram efeitos similares. As variações na densidade e riqueza das comunidades mostram que as atividades portuárias e as condições ambientais desempenham um papel crucial na estruturação dessas espécies. O estudo sublinha a necessidade de uma gestão ambiental integrada e sustentável para equilibrar o desenvolvimento portuário com a conservação dos ecossistemas de manguezal na costa amazônica.