Produção de Colossoma macropomum (CUVIER, 1816) na Ilha do Maranhão: indicadores higiênico-sanitários como agentes contaminantes e contribuições para a segurança alimentar
Piscicultura. Bacterioses. Micotoxinas. Alimento seguro.
Com o crescimento da piscicultura maranhense ocorreu a intensificação dos sistemas de produção. Apesar de mais lucrativo, este sistema deve ser acompanhado de boas práticas de manejo e biosseguridade, caso contrário, pode atuar como facilitador da instalação de agentes etiológicos. Nesse contexto, objetivou-se com o estudo identificar microrganismos indicadores higiênico-sanitários como agentes contaminantes em Colossoma macropomum (CUVIER, 1816) produzidos na Ilha do Maranhão e contribuir com a segurança alimentar do estado do Maranhão. Para isso, o estudo foi dividido em três etapas: (i) levantamento bibliográfico sobre a temática em estudo; (ii) coleta de 40 exemplares de tambaquis, entre machos e fêmeas, em fase de engorda, oriundos de quatro pisciculturas, seguida do envio das amostras ao laboratório e realização de análises microbiológicas tradicionais. Em ambiente laboratorial, foram removidos fragmentos musculares seguido da quantificação de coliformes totais e termotolerantes, pesquisa de Escherichia coli e Salmonella sp. e enumeração de bactérias mesófilas aeróbias estritas e facultativas viáveis, Estafilococos coagulase positiva (ECP) e de bolores e leveduras. Para a identificação de fungos filamentosos avaliou-se a morfologia macroscópica, características coloniais e morfologia microscópica; e, (iii) elaboração de uma coletânea intitulada “Consumo Consciente de Peixes” composta por três guias orientativos com ISBN. Como resultados, a quantificação de E. coli variou de 43 a 2400 NMP/g, sendo 90% dos peixes aceitáveis, 7,50% enquadrados no padrão intermediário e 2,50% inaceitáveis para consumo. ECP variaram de <10 a 8,5 x 102 UFC/g, com 80 % considerados aceitáveis e 20 % padrão intermediário. Todas as amostras atenderam à normativa brasileira para Salmonella sp. Coliformes totais foram quantificados em 30 % dos peixes e termotolerantes 15 %, com valores de 3,6 a ≥ 24,00 NMP/g. Mesófilos foram enumerados em 60 % das amostras e bolores e leveduras em 67,5. As populações fúngicas variaram de 1.0 x 101 a 4,52 x 104 UFC/grama. Por meio da morfologia microscópica associada à morfologia macroscópica, foram identificados os
gêneros Aspergillus sp., Penicillium sp., Paecylomeces sp. e Rhizopus sp. Com as chaves de identificação utilizadas, duas espécies de Aspergillus foram identificadas, A. niger e A. terréus, a última espécie com potencial micotoxigênico. Conclui-se que os peixes, por constituírem um tipo de alimento rico nutricionalmente, dotados de características intrínsecas que favorecem sua deterioração, acrescidos às condições nas pisciculturas amostradas favoráveis à sobrevivência e multiplicação de bactérias e fungos, requerem controle e fiscalização mais efetivos, que perpassam pelo armazenamento das rações ofertadas nas criações, controle da higiene dos locais de criação e dos colaboradores. Todos esses cuidados visam eliminar a possibilidade de ocorrência de bactérias e fungos produtores de toxinas, que podem comprometer a qualidade desse produto de origem animal, impactando a produção e com riscos inerentes à saúde dos consumidores. Por fim, com a metodologia proposta e a coletânea produzida (ilustrada e em linguagem acessível), infere-se que a dissertação está em consonância com a missão das universidades em produzir e difundir conhecimento intramuros e extramuros, propiciando a interação dialógica, interdisciplinaridade, indissociabilidade entre o ensino-pesquisa-extensão, impacto na formação do estudante e na transformação social.