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ARQUÉTIPOS FEMININOS NA ESCRITA DE NÉLIDA PIÑON: um estudo dos contos Tempo das Frutas e I Love My Husband
Arquétipos. Psicanálise. Literatura. Subjetividade. Nélida Piñon.
A literatura ainda é palco de inúmeras discussões acerca das vivências e do testemunho nas relações sociais que enveredam para questões da memória e da subjetividade. Esse trabalho tem como corpus os contos Tempo de frutas (2022), Rosto Universal (2022) e I love my husband (2022) os quais sugere-se discorrer e pormenorizar aspectos da escrita de autoria feminina de Nélida Piñon, escritora carioca que escreveu os contos em que narra as experiências de vida de três mulheres em momentos distintos de uma sociedade dominadora e determinista. Dessa forma, os pensamentos e ações das três personagens dão o tom para uma análise aprofundada da interseção entre a psicanálise e a narrativa literária explorando a manifestação dos arquétipos do rebelde, do amante e do cara comum encarnados na personalidade feminina. Por meio da lente psicanalítica, examinar-se-á os elementos da escrita que refletem a dinâmica do inconsciente e as complexidades da psique humana. Os contos serão o veículo para explorar as emoções reprimidas e os conflitos internos das protagonistas, revelando camadas de significado que vão além da superfície da narrativa. Utilizando conceitos da neurose histérica de Freud (2016), aspectos da teoria literária de Eagleton (2006), o qual destaca a neurose como um aporte criativo, o inconsciente estético de Ranciere (2009) que apresenta um modo de pensamento advindo da arte, dessa forma investiga-se como a escrita se torna uma expressão simbólica dos desejos, traumas e anseios do personagem central. Os estudos de Jung (2000) sobre o inconsciente coletivo na construção dos arquétipos
corroboram com a análise do texto narrativo literário da escritora. Gotlib (2023) que retrata em seus textos a força que há em contar uma história dentro de uma história problematizando assim o modo de narrar, o que tece um paralelo ao que Cortázar (1974) chama de alquimia secreta transmitida em um conto grande por sua magnitude de síntese de um relato ou fato já sintetizado. Este estudo contribui para a compreensão da relação intrínseca entre a psicanálise e a literatura, mostrando como a escrita pode ser uma ferramenta poderosa para a exploração da psique humana e a representação de arquétipos universais.