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O (NÃO) DIZÍVEL E A REPRESENTAÇÃO DA EXPERIÊNCIA AFRO-AMERICANA EM O OLHO MAIS AZUL
Feminismo negro; Identidade negra; Literatura afro-americana; Representação da experiência afro-americana; Toni Morrison.
A escrita de autoria feminina negra surge como um espaço para evidenciar assuntos silenciados e apagados pelo tempo e pelo espaço acerca de temas (não) dizíveis em torno do Eu-negro, principalmente, em torno da mulher negra. No entanto, o isolamento acadêmico destas mulheres, como um meio segregacionista e sexista, esvaziava a presença do discurso autêntico, advindo das populações minorizadas e subalternizadas. A narrativa de Toni Morrison aparece como uma escrita provocativa ao discurso que descaracteriza o povo negro, se caracterizando como um instrumento pedagógico antirracista, feminista e decolonial – contrário às formas de domínio do outro. A escrita morrisoniana se apresenta como representante da escrita de si – o que Evaristo (2019) denomina como Escrevivência – fonte de representação da mulher negra, positivando a imagem feminina e fortalecendo a alteridade de sua voz e a ancestralidade de suas raízes. A necessidade da discussão da obra O Olho Mais Azul e do olhar para a personagem Pecola Breedlove se afirma para que ocorra, tanto a reverberação de espaços de discussão em torno da identidade negra, como a autoridade de representação da vivência afro-americana em torno do (não) dizível, ou seja, de questões que envolvam os filtros exclusórios de raça, de gênero e de classe, além do silenciamento diante a violência sexual infantil de crianças negras. Portanto, propõe-se o presente estudo como um meio educativo para a consciência de luta em torno da subalternização do outro e como um meio de combate aos efeitos de domínio racial que perduram até os dias de hoje. Para tanto, o estudo da narrativa presente em O olho mais azul evidencia os elementos sobre a estética negra, a ancestralidade e a identidade negra, os processos de Outremização, a cultura do ódio racial e a degeneração psicológica em razão de inúmeras violências provocadas pelo discurso de alienação do discurso do branco. O estudo estará embasado por autores que discutem os temas, a exemplo de Assman (2011), Bergson (2020), Collins (2019), Carneiro (2023), Dalcatagne (2012), DuBois (2021), Evaristo (2017), Fanon (2008), Gonzalez (2020), Hooks (2019), Kilomba (2019), Mayberry (2021), Morrison (2019) dentre outros.