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A VOZ LIBERTA: A POÉTICA DE ALZIRA RUFINO EM EU, MULHER NEGRA, RESISTO
Alzira Rufino. Eu, mulher negra, resisto. Voz poética. Resistência.
O objetivo deste trabalho é analisar como a voz poética estrutura, a partir da produção do ser, conhecer e saber, representações estéticas que fazem aflorar no texto signos e sentidos que organizam pensamentos de liberdade, resistência e ancestralidade, precisamente em Eu, mulher negra, resisto, de Alzira Rufino. A pesquisa se fundamenta em teóricos e estudiosos que exploram as nuances contempladas na escrita poética Rufino, com um pensamento que acolhe no espaço poético da linguagem a essência da subjetividade para anunciar o que representa ser um corpo/experiência de mulher negra no mundo. Nesse sentido, escrever pode ser compreendido como libertar a voz para falar sobre si — mulher preta e, igualmente, sobre a história de ser mulher. Como sabemos, desde sempre, a história das mulheres, sobretudo das mulheres negras, tem sua trajetória marcada por batalhas e resistência. Alzira Rufino faz de seu texto poético um espaço para dizer não a essa tentativa de apagamento ao conhecimento, à projeção de pensamento e intelectualidade que reside no ser mulher negra. Com esse olhar, Rufino fissura o texto poético com o desejo de enfrentar e escavar, a partir de sua própria história, reverberações de uma autodefinição que valoriza a consciência e a concepção do sujeito negro contra todas as formas de dominação, quais sejam: social, histórica e político-filosófica. Para tanto, dentre os estudiosos que fundamentam este estudo, destacamos: bell hooks (2019; 2023), Grada Kilomba (2019), Ângela Davis (2016) e Lélia Gonzales (1984), as quais discutem a condição da mulher negra, suas lutas e suas conquistas. Além delas, temos Giogio Agamben (2009), Achille Mbembe (2018) e Patrícia Hill Collins (2022), que discutem as condições das mulheres e as formas de exceção usadas para delongar as desigualdades enfrentadas por elas. No que toca às possíveis conclusões, informamos que a poética de Alzira Rufino possibilita que as mulheres sejam protagonistas de sua própria história. Essa autora traz personagens fortes e resistentes, denunciando, em sua poesia, o racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira, caindo por terra o mito da democracia racial que
tenta mascarar toda a discriminação sofrida pelas mulheres negras.