A ESCOLARIZAÇÃO NA TERRA INDÍGENA RIO PINDARÉ: RESSIGNIFICAÇÕES INTERCULTURAIS FRENTE À LÓGICA DESENVOLVIMENTISTA.
Povo indígena Tentehar/Guajajara; Desenvolvimento; Vale S.A.; Educação Intercultural; Resistência.
A configuração socioespacial do Maranhão, na atualidade, é marcada pelos grandes projetos “desenvolvimentistas” implantados nesse Estado a partir da década de 1960, sendo destacado o Projeto Grande Carajás, administrado pela então Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale S.A. Entretanto, esses investimentos “desenvolvimentistas”, sob o discurso de fortalecer a economia nacional e/ou o capital privado, geraram no estado profundas desigualdades sociais, além de efeitos socioambientais que afetam, sobretudo, povos e comunidades tradicionais que historicamente habitam esse território, de modo que, necessário se faz um olhar que problematize o “desenvolvimento” em suas múltiplas formas e efeitos sociais. As atividades da Vale S.A. têm provocado circunstâncias nocivas às comunidades localizadas no Noroeste do Maranhão, sobretudo aos territórios indígenas presentes nessa região, uma vez que fragiliza o controle territorial e desmobiliza as políticas e práticas de proteção e conservação ambiental, conforme se observa na Terra Indígena Rio Pindaré, do povo indígena Tentehar/Guajajara. Diante desse contexto, este estudo se preocupa em indagar como os indígenas da Terra Indígena Rio Pindaré têm se articulado em frentes de resistências, buscando uma forma de definir o projeto societário dessa comunidade e colocar em questão a imposição da lógica colonizadora hegemônica, sendo uma dessas estratégias utilizadas o processo de escolarização intercultural. Para a construção desta pesquisa, me apropriei metodologicamente da etnografia apresentada por Geertz (1989); das noções decoloniais fundamentadas nas “histórias fronteiriças” propostas por Mignolo (2003); da interculturalidade crítica proposta Walsh (2009); das interpretações de Almeida (2008) a respeito dos processos de ocupação territorial maranhense, dentre outras. Utilizo como estratégias para construção reflexiva: interlocuções, observações situadas, além de registros fotográficos. Conclui-se que há a (im)possibilidade de que as estratégias político-pedagógicas de cunho educacional específico e diferenciados estejam sendo construídas como um elemento que opera em oposição às investidas desenvolvimentistas do capital. Por isso, no presente trabalho observou-se a relação dos efeitos socioculturais impostos pela presença da Vale S.A. na Terra Indígena Rio Pindaré, cuja consequência refletiu na construção de uma educação intercultural e diferenciada voltada para o projeto próprio Tentehar, frente à dinâmica do “desenvolvimento” hegemônico.