Repensando o ordenamento socioterritorial a partir das comunidades camponesas de São Bernardo – MA.
ordenamento territorial, desenvolvimento, São Bernardo, resistência, autonomia
Ao longo da história as instituições de poder imprimiram esforços em consagrar os seus respectivos modelos de ordenamento territorial como o único possivel para garantir a existência de uma sociedade complexa; no caminho para se tornar esse modelo de civilização, inúmeros povos, comunidades, etnias e nações foram exterminados, junto com suas culturas e modelos de sociabilidade, e mesmo pensar a vida sob uma outra forma de organização social tornou-se um exercício de rara felicidade. Na era do capitalismo globalizado, esse processo adquiriu novas formas, atualizou antigos procedimentos e em alguns casos manteve as mesmas práticas do período colonial, agora sob o discurso do desenvolvimento econômico, técnico e científico, formas diversas de se conviver e ordenar o território seguem sendo perseguidas, difamadas e apagadas, restando a esses respectivos povos a mesma opção de séculos atrás: a resistência. No município de São Bernardo, Maranhão, estado que se particulariza por um quadro complexo na questão agrária com o avanço predatório da agricultura capitalista (agronegócio), não é diferente, pois a intrusão da soja ameaça os territórios e o estilo de vida de várias comunidades camponesas como a Baixa Grande do Meio, que através da organização social e da luta popular, constroem a resistência, a autonomia e o bem-viver no seio de suas comunidades, e para além disso, tornam o exercício de repensar a sociabilidade no capitalismo baseada na concentração de poder e estratificação social como a única possível um exercício menos tortuoso e com mais sinais de esperança de se viver livre de tal crueldade.