COLONIZAÇÃO DE ORGANISMOS INCRUSTANTES EM PAINÉIS DE RECRUTAMENTO SOB DIFERENTES GRADIENTES AMBIENTAIS NO COMPLEXO ESTUARINO DE SÃO MARCOS, MARANHÃO - BR
Biofouling. Painéis artificiais. Porto. Costa Amazônica. Bioinvasão.
A bioincrustação marinha (ou biofouling) é vista atualmente como um processo resultante da colonização ou do crescimento de bactérias, algas e/ou invertebrados sésseis sobre superfícies submersas, sejam elas naturais ou artificiais. Poucos são os estudos sobre comunidades incrustantes no Nordeste brasileiro, principalmente em áreas portuárias onde existe o perigo das bioinvasões ou colonização por espécies exóticas trazidas no transporte de água e sedimento de lastro ou aderidas em cascos de navios. Este trabalho tem como objetivo avaliar a dinâmica de colonização por organismos da fauna incrustante em diferentes gradientes ambientais e em distintos materiais (substratos) em um estuário pertencente ao Complexo Estuarino de São Marcos, costa amazônica maranhense. O estudo foi realizado em 4 (quatro) estações de amostragem, em cada uma dessas estações foram instalados painéis de incrustação que serviram de corpos-de-assentamento e recrutamento para assembleias sésseis (ou incrustantes) e vágeis associadas, sendo cada painel compostos por 6 (seis) lâminas (10 cm de comp, 10 cm de largura e 8 mm de espessura), intercaladas horizontalmente na coluna d´água, representando materiais que compõe as estruturas portuárias e o meio próximo (madeira, metal, borracha, concreto, pvc e acrílico). Foram testados dois diferentes intervalos de amostragem: experimento 1 – série trimestral e experimento 2 – série semestral, cada qual com reposição de novos painéis a cada coleta (método destrutivo). Os parâmetros abióticos da água, aferidos concomitantemente à retirada das placas, não revelaram grandes flutuações para as diferentes estações de amostragem durante o período estudado. Os resultados obtidos até o momento são referentes a duas campanhas de amostragem realizadas nos meses de setembro e dezembro de 2023, sendo duas coletas trimestrais (experimento 1) e uma semestral (experimento 2). Foi analisado um total de 72 placas, que equivale a uma área de 7.200 cm² de superfície amostrada. Nas coletas trimestrais foi registrado um total de 10.681 indivíduos, distribuídos em 6 filos/subfilo, 8 classes, 25 famílias, 28 gêneros e 23 espécies. Já na coleta semestral (dez/2023) foram inventariados 11.152 indivíduos distribuídos em 8 filos/subfilo, 10 classes, 37 famílias, 39 gêneros e 28 espécies. Dentre as estações amostrais estudadas, o P.03 (Porto Grande) foi o que apresentou maior abundância biológica, com 6.712 indivíduos na série trimestral e 5.613 na série semestral, correspondendo a um percentual de 62,84% e 50,33% respectivamente. O segundo ponto mais abundante para ambos os intervalos de amostragem foi o P.04 (Berço 101 do porto), com 3.245 (30,38%) e 3.588 (32,17%) indivíduos, respectivamente nas campanhas trimestrais e semestral. O subfilo Crustacea obteve a maior abundância de indivíduos, sendo representado principalmente pelas espécies A. amphitrite, C, bumbumiensis, A. venustus, E. affinis e G. crinicornis, que foram dominantes na amostragem. Adicionalmente, serão realizadas análises de correlações lineares para explicar a influência das variáveis ambientais preditivas sobre os padrões de colonização dos diferentes grupos faunísticos. Os indicadores ecológicos de diversidade, riqueza e equitabilidade também serão avaliados, tanto em ralação as estações de coleta quanto em relação aos tipos de substratos.