Memória, trauma e repressão política em O Estandarte da agonia, de Heloneida Studart
Heloneida Studart. O Estandarte da agonia. Ditadura militar. Memória. Trauma.
A ditadura civil-militar no Brasil deixou marcas na sociedade, cujo sofrimento dos que foram vítimas diretas ou indiretamente tem sido registrado na ficção, é o caso da escritora Heloneida Studart. Nesse sentido, este trabalho objetiva analisar o processo de rememoração da protagonista da obra O Estandarte da agonia (1981), de Studart, em meio ao contexto de repressão política do regime militar brasileiro. Studart foi escritora, jornalista, deputada estadual, feminista e ativista política, atuou em várias frentes, sobretudo em prol da classe feminina e dos direitos humanos. A narrativa em questão tem Açucena como protagonista que relata o seu sofrimento na busca pelo filho desaparecido mediante os conflitos políticos. A narrativa também põe em evidência o modo como Açucena lida com as dores traumáticas decorrentes desses acontecimentos. Assim, nesta
pesquisa de abordagem qualitativa, objetivamos analisar o processo de rememoração da protagonista da obra O Estandarte da agonia (1981), de Heloneida Studart, com ênfase nas lembranças traumáticas, em meio ao contexto de repressão política do regime militar ocorrido no Brasil. O estudo tem como base teórica a visão de Holanda (1980), Malard (2006), Sarlo (2007) e Vieira (2014) acerca da ditadura miliar na América Latina; Foucault (2019), sobre as relações de poder; Pollack (1992), Halbwachs (2006), sobre memória; Seligmann-Silva (2008), Assmann (2011) e Freud (2020) sobre a relação entre memória e trauma. A narrativa de Heloneida Studart traz as impressões da protagonista sobre a triste memória da ditadura militar, ao tempo em que coloca
a mulher no processo de superação das feridas coletivas por meio do enfrentamento ao regime e aos seus próprios conflitos.