VELHAS E NOVAS TERRITORIALIDADES CAMPONESAS NO MATOPIBA: Os desafios dos assentados do Projeto de Assentamento Fazenda Flores-PI pela permanência na terra
Camponês. Assentamentos Rurais. Fronteira agrícola.
A inserção da lógica capitalista no campo brasileiro provocou transformações das mais profundas, colocando o camponês diante não apenas da concentração fundiária, mas também das relações capitalistas. Nesse processo, é importante levarmos em consideração o movimento de deslocamento da fronteira no Brasil que ocorre sob forte influência do processo de modernização da agricultura desencadeado no período da ditadura militar. O Piauí cuja formação territorial se deu principalmente com base no desenvolvimento da pecuária, sem grande influência da produção agrícola, representa bem o avanço da fronteira agrícola capitalista sobretudo nas áreas de cerrado, conformando atualmente um arranjo produtivo grandioso denominado de MATOPIBA que tratou de agravar ainda mais a situação da estrutura fundiária no estado. O sul e sudoeste do Piauí encontram-se apropriados pela dinâmica do agronegócio, a concentração de terras se intensifica e consequentemente os conflitos agrários. O Projeto de Assentamento Fazenda Flores objeto desta pesquisa, de onde partimos para entender as novas dinâmicas que se processam com o avanço da fronteira no Piauí, encontra-se localizado entre os munícipios de Currais e Bom Jesus que se destacam entre os principais municípios produtores de soja no estado. Nesse viés, analisa-se os desafios encontrados pelos assentados para a conquista e permanência no Assentamento Fazenda Flores. Para o alcance de tal objetivo foi realizado o seguinte processo investigativo: a) pesquisa teórica e metodológica, sobre camponês, fronteira, assentamentos rurais; b) pesquisa de documentos oficiais, em órgãos como o INCRA, que revelou o processo de constituição do Assentamento Fazenda Flores; c) Levantamento de dados em sites oficiais do IBGE e do INCRA; d) trabalho de campo com aplicação de entrevistas semiestruturadas com os assentados, permitindo conhecer o processo histórico de criação do assentamento, o modo de vida e a leitura que os lavradores fazem dos desafios presentes para permanecer no território, bem como entrevista com representante do INCRA e da Comissão Pastoral da terra que contribuiram para o entendimento da reforma agrária e da luta pela terra no Piauí frente ao avanço da fronteira agrícola. Com este processo investigativo foi possível compreender os velhos e novos processos que se encaminham no campo piauiense, permitindo visualizar a realidade dos camponeses.