Vulnerabilidade Socioambiental a Alagamentos no Alto Curso da Bacia Hidrográfica do Santo Antônio, Ilha do Maranhão
Sociedade e Natureza. Morfodinâmica. Vulnerabilidade. Alagamentos. Alto Curso do Santo Antônio.
A relação sociedade/ natureza ocorre de maneira consubstanciada, porém a pressão que a primeira exerce sobre a segunda têm-se tornado cada vez mais predatória. Estas transformações têm trazido grandes consequências para o meio natural e social, sendo o ser humano considerado por muitos como vítima e agressor do meio em que habita. Estudos como desastres, riscos e vulnerabilidades tem ganhado força nos últimos anos por apresentarem as consequências desta relação predatória. Fenômenos como enchentes, inundações, alagamentos e movimentos de massa têm atingido as populações de maneira exponencial anualmente devido às pressões antrópicas exercidas nos ambientes atualmente modificados. Partindo destes pressupostos, o presente trabalho objetiva de maneira geral analisar a dinâmica da relação sociedade/natureza através da vulnerabilidade socioambiental aos fenômenos de alagamentos no alto curso da bacia hidrográfica do Santo Antônio, Ilha do Maranhão. Objetiva também de maneira específica realizar a caracterização dos aspectos geoambientais, sociais, históricos de uso/ocupação e transformação da paisagem, correlacionando os aspectos físicos e sociais para assim identificar os níveis de vulnerabilidade socioambiental na área em estudo. A fim de alcançar os objetivos propostos o trabalho seguiu os procedimentos técnico-operacionais da pesquisa como trabalhos de gabinete e campo, sendo eles: levantamento bibliográfico e cartográfico; trabalhos de campo; adaptação dos mapas de unidades de relevo, solos, pluviometria, e geração das informações referentes à hipsometria, declividade, uso/cobertura da Terra e vulnerabilidade ambiental. Todos estes procedimentos proporcionaram alcançar os resultados referentes à vulnerabilidade ambiental a alagamentos no alto curso do Santo Antônio. Levando em consideração os meios morfodinâmicos de Tricart (1977), o processo de ocupação, as formas de uso, as características geoambientais (sobretudo declividade, solos, uso/cobertura da terra e pluviometria) e a infraestrutura urbana da área de estudo gerou – se o mapa de vulnerabilidade ambiental à alagamentos tendo como norte as ideias de Crepani et al (2001). De maneira geral 64% da área de estudo apresenta alta vulnerabilidade aos fenômenos estudados sendo caracterizada morfodinamicamente como instável; 21% apresenta baixa vulnerabilidade e devido suas particularidades é caracterizada como intergrade; 15% é muito baixa sendo morfodinamicamente estável. Não foram espacializadas no mapeamento áreas de média ou muito alta vulnerabilidade. Para uma análise mais pontual foram destacadas quatro áreas com ocorrência de alagamentos extremos (termo utilizado nesta pesquisa para áreas em que pessoas são mais intensamente afetadas), sendo estes: Jardim América, Conjunto Orquídea Jardim Tropical I e Residencial Orquídeas II. Depois das analises realizadas concluiu-se parcialmente que nas quatro localidades destacadas os fenômenos acontecem de maneira a afetar as populações diretamente, porém na área localizada no bairro Jardim Tropical I têm-se uma situação extrema de casas serem atingidas pela entrada das águas pluviais nas residências, além do trânsito automobilístico e de pedestres ficar complemente comprometido. Entende-se que a ineficiência e/ou inexistência do sistema de drenagem urbana nestas localidades tem sido um fator determinante para a ocorrência destes eventos, uma vez que em algumas localidades que apresentam baixa vulnerabilidade ocorrem alagamentos extremos.