Festa Religiosa do Círio de Nazaré em São Luís – Ma: Fenômeno de Devoção, Identidade e Projeção Socioeconômica
Círio de Nazaré em São Luís - MA. Geografia Cultural. Religião.
A religião faz parte das discussões geográficas como expressão institucional do ponto de vista espiritual, reflexo das escolhas culturais de vida dos seres humanos e, principalmente, pela tentativa dos geógrafos de entender e explicar as razões que levam o indivíduo a perceber e significar certas porções do espaço geográfico como sagradas. Nesse contexto, muitas perspectivas de análise têm sido propostas para compreender as intensas transformações do espaço geográfico, no qual “espaço, cultura e religião estão reunidos em novos planos de percepção teórica que introduzem uma possibilidade de pensa-los na ciência. E o elo entre espaço e religião fornece material rico à reflexão na Geografia” (CORREA, 2002, p. 137). Desse modo, ao analisarmos a festa do Círio, podemos observar as possíveis mudanças no espaço social, sabendo que este, como objeto de estudo da geografia cultural, pode ser construído sempre pelo indivíduo, com inúmeras finalidades. Sendo celebrada há mais de dois séculos na cidade de Belém no estado do Pará, e a mais de duas décadas na cidade de São Luís – MA, representa uma importante festividade religiosa, de raiz portuguesa, que consiste numa celebração católica que reverência a figura de Maria de Nazaré, considerada a mãe de Jesus Cristo, ajuda a fomentar o turismo, e no bairro do Cohatrac, na cidade de São Luís, vive um período de ascensão ao longo dos últimos anos. Tem origem com a lenda do caboclo agricultor e caçador Plácido José de Souza, no qual se mistura a fatos históricos. Mediante o exposto o objetivo desta pesquisa é compreender a importância da Festa Religiosa do Círio de Nazaré, como elemento da Geografia Cultural, para a cidade de São Luís - MA. Outrossim, têm-se como objetivos específicos: caracterizar o Círio de Nazaré como fenômeno cultural, religioso e econômico; discutir as categorias Sagrado e Profano e suas relações no festejo; indicar as multiterritorialidades constituídas no espaço sagrado da festa; e identificar as transformações temporais na dinâmica da festa sobre o cotidiano do bairro. O método utilizado é a Observação Participante, tendo como base o contato direto, frequente e prolongado do investigador, com os atores sociais, sendo assim o próprio investigador o instrumento de pesquisa. Para Geografia Cultural é aplicado, por permitir a explicação do imbricado tecido histórico-cultural-religioso, colocando o homem no centro de sua análise (TURRA NETO, 2004). Para tanto os procedimentos metodológicos adotados são: pesquisa, levantamento e seleção bibliográfica; trabalho de campo, entrevistas abertas e produção de um de diário de campo descrevendo todas as percepções, impressões e imagens dos momentos. Os resultados preliminares revelaram a apropriação de uma nomenclatura utilizada de forma incorreta em umas das etapas de peregrinação da santa, onde a chamada Romaria é na verdade uma procissão, o pouco apoio do poder publico, conflitos e divergências multiterritoriais, e uma nova linha devocional, adquirida através de uma identidade própria da comunidade, constituída.