O TEMPO DAS MARÉS: USOS DO TERRITÓRIO E O CIRCUITO INFERIOR PESQUEIRO NO MUNICÍPIO DE RAPOSA-MA
Circuito inferior. Raposa. Pesca artesanal. Pobreza urbana.
Na pesquisa analisamos o circuito inferior da pesca artesanal no município de Raposa-MA em suas relações com a pobreza urbana. Visamos compreender a dinâmica de uma atividade que se desenvolve em um contexto urbano e faz parte da história econômica e cultural do lugar. Para tanto, partimos da concepção de que a economia urbana é resultado direto da divisão territorial do trabalho - como os meios de produção estão distribuídos em uma determinada formação territorial; dos efeitos da globalização, o qual atinge os lugares na forma de “modernizações seletivas” (SOUZA, 2000); e das particularidades existentes nos lugares graças aos projetos de governos e à vida cultural da cidade. São essas características que revelam os traços dos “dois circuitos da economia urbana, um superior e outro inferior” (SANTOS, 2018). Os circuitos econômicos são representados por meios de produção, distribuição e consumo que se diferenciam graças aos níveis de das variáveis “capital, organização e tecnologia” (SANTOS, 2018). Acreditamos que a pesca artesanal em Raposa favorece a formação de um circuito inferior da economia. Neste estudo enfatizamos a etapa do circuito que demonstra mais expressividade na morfologia urbana, o processo de comercialização dos pescados. Captamos a dinâmica desta etapa produtiva que formaliza específicos tipos de consumo na cidade, por conta dos índices de pobreza ao circuito, que atua como um instrumento democrático de acesso aos produtos. Para captar as especificidades do circuito inferior de pesca da Raposa em sua fase de comercialização, realizamos um levantamento bibliográfico de dados primários, secundários e trabalhos de campo. Nossa metodologia e escolha de método nos permitiu verificar que a economia de Raposa é predominantemente baseada na pesca artesanal, que serve de abrigo para várias famílias em situação de pobreza.