ESPECIALIZAÇÃO E SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO EM REGIÕES PERIFÉRICAS: uma análise baseada no circuito madeireiro do município de Nova Esperança do Piriá, Pará, Brasil
Circuito madeireiro. Especialização. Superexploração. Desenvolvimento periférico.
A Amazônia tem no circuito espacial da produção madeireira uma atividade econômica de peso na distribuição regressiva da renda e da riqueza regional, associada a uma marginalidade e exclusão crescente em seus estados e municípios. Dentre esses municípios destacamos Nova Esperança do Piriá, município do Nordeste paraense que tem no circuito madeireiro ilegal uma atividade proeminente na economia local, onde seu funcionamento nem de longe contribui para dinamizar outros segmentos produtivos internos e melhorar os padrões de qualidade de vida de sua população. Foi no âmbito do “Programa de Integração Nacional” (PIN) a partir da década de 1960, via discurso desenvolvimentista do “Projeto de Desenvolvimento Econômico da Amazônia” que as operações do circuito madeireiro tiveram ampliação na escala de atuação na região, passando a operar em integração as demais regiões e mercados tanto nacionais, quanto internacionais, coesos a uma lógica de Divisão Territorial do Trabalho. A partir de tais aspectos, o funcionamento de diversos circuitos espaciais de produção na Amazônia Legal, dentre eles o circuito madeireiro passa a operar fincado sobre uma considerável especialização produtiva de sua força de trabalho. Função essa contemplada a partir da existência de uma estrutura produtiva composta majoritariamente por de diversas serrarias espalhadas pelas bordas da Amazônia em que seu funcionamento se baseia na transformação primária (desdobramento de vastos estoques de madeira nativa em tora da região em madeira serrada bruta: prancha, pranchão, caibro, tabua, viga e ripa) – sendo esta atividade uma das restritas alternativas de trabalho em que uma considerável massa de sujeitos em situação de vulnerabilidade social se engaja de forma precária, com: baixos salários, em situação de trabalho desregulamentado, sem a disponibilidade de EPI’s e em nítidos aspectos de superexploração do trabalho (longas jornadas, trabalho intenso e de remuneração abaixo de seu valor) – uma situação em que a intensidade do trabalho implica na decrepitude da saúde física e mental dos sujeitos que trabalham. Sintetizando dessa forma um espaço em que os aspectos de dependências, desigualdades, segregação, informalidade e decrepitude socioambiental imperam.