CAMINHOS DA PERCEPÇÃO DO MEU LUGAR: Pindaí.
Fenomenologia. Lugar. Percepção Ambiental. Pindaí.
A motivação deste trabalho dissertativo se deu a partir da vivência que tenho no lugar Pindaí, como oportunidade de recordar, refletir e seguir. Num processo sistemático de materialização das informações para transformá-las em conhecimento, dessa maneira registrar as memórias e experiências vividas como caminhos da percepção do meu lugar: Pindaí. Este, geograficamente, insere-se em dois municípios, de Paço do Lumiar e São José de Ribamar; ambos localizados na mesorregião norte maranhense e na microrregião da aglomeração urbana de São Luís, na Ilha do Maranhão; trata-se, portanto, de um povoado limítrofe situado à margem da MA-201. Diante das mudanças que ocorreram no povoado Pindaí ao longo dos últimos 20 anos, surgiu a inquietação para realização deste estudo: A partir da experiência dos sujeitos espaciais do lugar alcançar a percepção ambiental que desponta em geografia vivida? Neste contexto, apresenta-se como objetivo Geral: Interpretar a Percepção Ambiental dos sujeitos espaciais sobre o processo de metamorfose socioambiental. E os objetivos Específicos: Levantar os traços geográficos e históricos, culturais e religiosos, e socioambientais; caracterizar a configuração do povoado Pindaí com base em dados georreferenciados e dados descritivos dos sujeitos espaciais e por fim, organizar um portfólio digital com imagens do cotidiano inserido em um processo de construção participativa no lugar. Utilizou-se a abordagem fenomenológica para descrever o lugar, sentir e interpretar a percepção dos sujeitos espaciais e assim alcançar os objetivos salientados, calcada na pesquisa qualitativa, reflexão bibliográfica, pesquisa de campo e para confecção dos mapas se utilizou do software Arcgis no laboratório Geomap-Uema. A partir desses diálogos e reflexões tem-se como resultados: o aporte teórico conceitual do lugar, os traços geográficos, históricos, culturais e socioambientais do povoado Pindaí, com a delimitação e localização da área de estudo, a ancestralidade indígena Gamela como sendo os primeiros habitantes, a observação sobre o padrão de construção das casas, que em sua maioria eram de taipa e palha, a renda basicamente da agricultura, do extrativismo do coco babaçu e da pesca, e a identificação do patrimônio arqueológico como a Camboa de Pedra e os Sambaquis que estão relacionados com esta herança dos povos originários. Foi elaborado um mapa da religiosidade, um aspecto cultural muito diverso no qual destaca-se os cultos de matriz africana com a presença de Terreiro de Mina e de Umbanda, das Igrejas Evangélicas principalmente neopentecostais e a Igreja Católica. Foi constatado que o processo de urbanização intensificou as alterações visualizadas no mapa comparativo do uso da terra com o aumento da área construída, outras alterações no lugar são percebidas como mudança no padrão de moradia e algumas implicações ambientais (aumento dos resíduos sólidos, retirada da vegetação e desgaste do Rio Santo Antônio). Observa-se que a percepção ambiental dos sujeitos espaciais sobre o processo de transformação socioambiental no povoado está muito viva e com a ciência sobre as novas marcas de cercamento, da relação de vizinhança e a presença da violência e drogas. Assim, as narrativas e desenhos dos sujeitos espaciais possibilitaram a interpretação da percepção ambiental e a organização do portfólio digital tornaram possível ampliar o pensar e refletir o lugar, consolidando o trabalho.