FREQUÊNCIA SAZONAL DE FLEBOTOMÍNEOS (DIPTERA, PSYCHODIDAE) E DETECÇÃO DE Leishmania EM ÁREA URBANA ENDÊMICA NO MUNICÍPIO DE CAXIAS, MARANHÃO, BRASIL
Leishmanioses. Vetores. Infecção Natural. Leishmania spp
As leishmanioses são doenças infecciosas, causadas por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos por insetos da família Phlebotominae (Diptera: Psychodidae). O município de Caxias, Maranhão, registra elevada densidade de flebotomíneos e casos autóctones dessas patologias com ocorrência de óbitos. Essa pesquisa tem o objetivo de analisar a ocorrência das espécies de flebotomíneos e verificar os níveis de infecção por Leishmanias em áreas urbanas do município de Caxias. Foram selecionados cinco bairros: Vila São José, Vila Lobão, Campo de Belém, Cangalheiro e Teso Duro para coletas de flebotomíneos no período de dezembro de 2017 a novembro de 2018, com auxílio de armadilhas luminosas CDC instaladas às 18h00 e retiradas às 6h00 do dia seguinte, no peridomicílio de quatro residências por bairro. Foram capturados 2.328 exemplares, sendo 1.043(44,9%) no bairro Teso Duro; 436 (18,7%) Vila Lobão; 448 (19,2%) Cangalheiro; 261(11,2%) Campo de Belém e 140 (6%) no bairro Vila São José, pertencentes a nove espécies, oito espécies do gênero Lutzomyia e uma do gênero Brumptomyia. Foi predominante Lu. longipalpis com 2.274 exemplares (97,7%), seguida por Lu.whitmani com 26 (1,1%), as demais espécies coletadas representaram menos que 0,6%. A distribuição dos flebotomíneos por sexo verificou-se um predomínio dos machos com 72% (N= 1.678) e 27,9% (N= 650) fêmeas. Verificou-se captura de flebotomíneos em todos os meses, com maior frequência em dezembro/2017 com 565 (25,3%), em março e maio de 2018 com 538 e 407 exemplares respectivamente. A abundância foi maior no período chuvoso 1.634 (70,2%) do que no período seco 694 (29,8%). Verificou-se correlações moderadas negativa entre as variáveis continuas, espécies e temperatura (r= 0,5579), e positivas entre espécie e pluviosidade (r= 0,6619), em relação a espécie e umidade (r= 0,7972) constatou-se forte correlação positiva. Foram analisadas 144 fêmeas, destas23 foram positivos para Leishmania spp. pois amplificaram uma banda de 300-350pb, provenientes de duas espécies de flebotomíneos: Lu. longipalpis (N= 22), Lu. whitmani (N=1), apresentando uma taxa de infecção geral de 16%. As amostras positivas quando foram submetidas à digestão por enzima de restrição HaeIII (PCR/RFLP), apresentaram o padrão de restrição para o fragmento da espécie de Leishmania infantum. A Taxa de Infecção Natural (TIN) obtida de Le. infantum em Lu. longipalpis foi 4,5% e em Lu. whitmani foi de 1%.Verificou-se que o município de Caxias, MA apresenta elevada abundância de flebotomíneos com predominância de Lu. Longipalpis e Lu. whitmani, vetores comprovados das leishmanioses. A presença de Le. Infantum em Lu. longipalpis, e em Lu. whitmani que não é vetor natural de leishmaniose visceral, sugere uma crescente e preocupante adaptação deste parasita, demonstrando a necessidade de um constante monitoramento entomológico, estudo da Lu. whitmani na transmissão de LVA. Além da aplicação de medidas mais efetivas pelo programa de controle dessas endemias visando à diminuição dos casos de LVA e LTA no município de Caxias, Maranhão.