BIOLOGIA REPRODUTIVA DE GALEANDRA BLANCHETII E.S. RAND (ORCHIDACEAE, CATASETINAE)
polinização; osmóforos; flores de perfume; Euglossini.
O gênero neotropical Galeandra Lindl (Epidendroideae: Catasetinae) possui a maior diversidade de espécies no Brasil, apesar da sua alta diversidade, a biologia da polinização do gênero permanece em grande parte desconhecida, com os poucos estudos disponíveis até o momento indicam que o provável polinizador são abelhas em busca de néctar, no entanto, não existem estudos que confirmem a ausência de recompensa. Galeandra blanchetii E.S. Rand, é uma orquídea epífita endêmica do Brasil, comum em forófitos da família Arecaceae, nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga e Cerrado. Tendo isto em vista, este estudo teve como objetivo investigar a biologia floral e reprodutiva Galeandra blancheti. Para tanto monitoramos a fenologia, avaliamos sua morfologia floral, aplicamos testes histoquímicos, analisamos seu sistema reprodutivos, e observamos visitantes florais e potenciais polinizadores, bem como os comportamentos nas visitas em fragmentos de Floresta Amazônica no Nordeste do Brasil. Além disso, caracterizamos quimicamente seu aroma floral e avaliamos o seu papel na atração de potenciais polinizadores. A floração de G. blanchetii é anual e a
antese é diurna, com as flores abrindo pela manhã. A única estrutura secretora são osmóforos que estão envolvidos na atração e recompensa dos potenciais polinizadores, localizados no labelo, que consistem na epiderme adaxial e tricomas dispostos em linhas longitudinais, os quais atuam como guias até o início do cálcar. A maior parte das visitas ocorreu pela manhã. Os polinários nunca foram removidos de nenhuma das flores marcadas durante a noite. Dos 48 visitantes florais observados nas flores de G. blanchetii, 34 eram abelhas Euglossini (machos e fêmeas), o restante eram Meliponini, Ceratinini e abelhas da subtribo Centridini. Além de abelhas, outros visitantes foram borboletas da família Hesperiidae e formigas. Apenas machos de Euglossa (E. securigera e E. cordata) e uma Centridini contataram efetivamente a coluna, removendo o polinário sendo classificadas como potenciais polinizadoras, no entanto apenas as Euglossa foram as mais frequentes. No entanto o processo de polinização não ocorre apenas por engodo alimentar, pois as flores oferecem recompensas aos machos de Euglossa que desempenharam duplo comportamento, a busca por néctar sem sucesso e a coleta de fragrâncias florais, semelhante à outras Catasetinae.