Mudanças climáticas na herpetofauna Neotropical: tendências dos estudos e os impactos em Squamatas de habitats abertos da América do Sul
Conservação; Aquecimento global; lagartos; Região Neotropical; cobras; Espécie Modelagem de Distribuição.
Identificar regiões que contribuem significativamente para a persistência da biodiversidade, em cenários de mudanças climáticas, fornece informações básicas para a tomada de decisões sobre conservação em uma velocidade equivalente ao avanço da destruição. Nosso objetivo é 1) conhecer a distribuição potencial atual de espécies de répteis associadas aos solos arenosos endêmicos da Diagonal de Formações Abertas da América do Sul; (2) com base nos resultados do modelo, orientar pesquisas de campo para amostrar populações desconhecidas e (3) calcular os impactos das mudanças climáticas (anos 2040 e 2060 em dois cenários climáticos de emissão de CO2) na distribuição das espécies de répteis Squamata associados a solos arenosos endêmicos da Diagonal das Formações Abertas da América do Sul. Criamos um banco de dados contendo 3.011 ocorrências (de cinco espécies de lagartos da família Gymnophthalmidae e cinco espécies de serpentes da família Dipsadidae) com base em dados de coleções biológicas e literatura científica. Utilizamos 20 variáveis ambientais para o período atual e futuro, tanto em cenários otimistas quanto em pessimistas. Executamos os modelos em ambiente R usando nove algoritmos; foram considerados apenas os modelos com TSS > 0,8. Elaboramos o modelo consesus considerando a média dos modelos individuais, e em seguida elaboramos os mapas gerais de adequação para cada cenário, considerando a média dos modelos. Sete variáveis foram as mais importantes para construir os 9 modelos; e os valores de TSS dos modelos variaram de 0,888 a 0,992. Para o cenário atual, as projeções foram coincidentes com os registros pontuais. Em todas as projeções, as áreas com maiores adequações climáticas foram localizadas em regiões de transição entre os domínios Caatinga-Cerrado e a região norte do Chaco argentino. No entanto, em resposta às futuras mudanças climáticas, os répteis perdem alcance e modificam seu eixo espacial, buscando novos habitats e alterando sua área de distribuição de espécies. Nossos resultados destacam a vulnerabilidade dos escamados psamófilos da Diagonal Seca da América do Sul às mudanças climáticas e fornecem informações cruciais sobre a necessidade de políticas públicas dinâmicas para a conservação dessas espécies.