SAPOS RHINELLA MARINA (AMPHIBIA: BUFONIDAE) DO MEIO-NORTE DO BRASIL: EXISTE EVIDÊNCIA DE HIBRIDIZAÇÃO E INTROGRESSÃO
Hibridização e introgressão em Rhinella marina
Os sapos da América do Sul pertencem a família Bufonidae Gray, 1825, estão agrupados no gênero Rhinella Fitzinger, 1826 e costumavam ser reconhecidos com base na morfologia interna e externa dos adultos e larvas. O gênero passou por revisões taxonômicas e sistemáticas, que promoveram, por sua vez, avanços no conhecimento biogeografico auxiliando assim no entendimento sobre os rearranjos e distribuições das unidades evolutivas reconhecidamente válidas. O complexo Rhinella marina, compreende dez espécies: R. marina, R. diptycha, R. veredas, R. arenarum, R. cerradensis, R. icterica, R. poeppigii, R. rubescens, R. achavalli e R. horribilis, distribuídas do sul dos Estados Unidos até o sul da Argentina. Com base em caracteres morfológicos, o complexo Rhinella marina compartilha os seguintes caracteres diagnósticos: crânio amplo ossificado com presença de todas as cristas craniais bem desenvolvidas, exostose, esfenoetmóide coberto completamente pela articulação medial dos nasais e frontoparientais e o ponto de articulação entre o ramo medial do pterigoide e a ala do parasfenóide formado por uma sutura, única sinapormofia distintiva das demais espécies do gênero. Estudos moleculares sugerem que hibridização e introgressão parecem ser fenômenos comuns, evidenciando sua ocorrência durante a história evolutiva de diferentes taxa, inclusive em Rhinella. Estudos mostram que espécies intimamente relacionadas do gênero Rhinella compartilham zonas de ecótonos, onde são encontrados indivíduos híbridos com ou sem características morfológicas intermediárias, o que dificulta a identificação específica adequada, principalmente em se tratando de complexos de espécies. Dessa forma, avanço no conhecimento das unidades evolutivas, sob a ótica molecular, associado ao entendimento dos padrões de distribuição das diversas espécies de Rhinella é essencial para identificar áreas ativas de formação de novas espécies e identificar hotspots de importância histórica e evolutiva. Nesta dissertação apresentamos (i) um histórico taxonômico e sistemático do gênero Rhinella (Capítulo 1); (ii) investigamos a presença de múltiplas linhagens entre as espécies do gênero Rhinella gr. marina de ocorrência na região Meio-Morte do Brasil, analisamos a ocorrência de introgressão e hibridização entre as espécies intimamente relacionadas e fornecemos dados informativos quanto aos limites entre as espécies gerando dados que delimitem áreas de potencial introgressão e hibridização (Capítulo 2); por fim, (iii) apresentamos uma nota de extensão de ocorrência de Rhinella dapsilis no estado do Maranhão (Capítulo 3