FLORÍSTICA, FITOSSOCIOLOGIA E SÍNDROME DE DISPERSÃO DO ESTRATO ARBÓREO-ARBUSTIVO DE TRÊS ÁREAS DE CAATINGA EM NÍVEIS DIFERENTES DE CONSERVAÇÃO NO PIAUÍ
Diversidade de espécies, Estrutura da vegetação, Caatinga do Piauí
A caatinga tem sido explorada através de atividades agrícolas, pecuária, extrativista, indústrias ceramistas e gesseiras, bem como parques de energia eólica e solar, o que contribui ainda mais para o aumento das áreas degradadas. As mudanças florísticas, estruturais e de síndromes de dispersões das comunidades vegetais que passam por processos de sucessão ecológica, causados por ações antrópicas, são pouco conhecidas na caatinga, o que é proveniente do deficit de estudos comparativos dos parâmetros florísticos, fitossociológicos e de suas síndromes, o que gera a falta de dados na literatura e resultados, como também conhecimento e compreensão do desenvolvimento dessa vegetação diante de ações antropogênicas. A comparação de três áreas de caatinga, no aspecto florístico, fitossociológico e de sua síndrome de dispersão entre áreas em diferentes estágios de conservação, pode ajudar a compreender as mudanças que ocorrem na vegetação. Objetivou-se com a pesquisa comparar três áreas de caatinga, com diferentes níveis de conservação, para compreender as mudanças da vegetação diante de ações antrópicas. O estudo foi realizado em três áreas de caatinga com diferentes níveis de conservação, no município de Campinas do Piauí/PI, nas quais foram instaladas 34 parcelas de 10x10m. Nas unidades amostrais foram amostrados todos os indivíduos vivos arbóreo-arbustivos, com circunferência à altura do solo (CAS) ≥ a 10 cm e altura total (AT) ≥ 1,30 m. A análise morfológica do material botânico coletado foi realizada em laboratório, para identificação dos espécimes. Para as análises fitossociológica foram avaliados os parâmetros da estrutura horizontal e vertical das espécies: densidade absoluta (DA) e relativa (DR), frequência absoluta (FA) e relativa (FR), dominância absoluta (DoA) e relativa (DoR) e os índices do valor de importância (IVI) e de cobertura (IVC). A diversidade florística através do índice de Shannon Wiener (H’), equabilidadede Pielou (J), índice de similaridade de Jaccard (J’) e Sørensen. A distribuição diamétrica e hipsométrica foi realizada com intervalo de classe de 3 cm e 1m respectivamente. Para cada espécie identificada foi descrito o tipo de fruto e sua síndrome, de acordo com a dispersão de seus diásporos e bibliografia especializada. Foi feita uma análise do percentual da síndrome de dispersão das espécies de cada área, como também, uma análise de componentes principais (PCA), para destacar se existe diferença na representatividade das síndromes de dispersão entre as áreas. A partir dos parâmetros analisados, foram feitas comparações entre as áreas, no aspecto florístico, estrutural, de sua síndrome de dispersão, bem como seus índices, apontando suas principais diferenças e relações. A área I (25 anos de conservação) apresentou Índice de Shannon-Wiener (H´) e equabilidade de Pielou (J´) de 1,49 e 0,51 respectivamente, com 993 indivíduos, 18 espécies, 16 gêneros, 7 famílias, com densidade total de 2920,59. A área II (60 anos de conservação), com (H`) = 2,44 e (J´) = 0,73, apresentou 467 indivíduos, 28 espécies, 25 gêneros, 10 famílias, com densidade total de 1373,53. A área III (sem evidência antrópicas há 90 anos), com (H´) = 2,62 e (J´) = 0,73, com 705 indivíduos, 36 espécies, 31 gênero, 15 família e densidade total 2073,53. A família Fabaceae apresentou maior número de espécies, tipos de síndromes e frutos nas três áreas. A similaridade florística de Jaccard e Sørensen mostrou alta similaridade entre as áreas II e III, e baixa similaridade entre as áreas (I-II) e (I-III). A baixa riqueza encontrada para área I, como a baixa similaridade entre essa e as demais áreas, é uma clara evidencia da perturbação que essa vegetação sofreu. A dominância de espécies pioneiras e secundárias iniciais como (Croton blanchetianus, Cenostigma bracteosum, Mimosa tenuiflora, Combretum leprosum), nas áreas I e II, indicaram um menor grau de recuperação em relação a área III. As ações antrópicas afetam diretamente a estrutura e diversidade das espécies, com perda de diversidade e redução ou aumento da dominância para certos grupos de espécies. Em áreas de caatinga antropizada, o número de espécies e a densidade dos indivíduos variam com o tempo de conservação, sendo que para a primeira, isso acontece de forma crescente, à medida que as áreas são conservadas. Houve maior percentual da síndrome autocórica seguido por anemocórica e por último zoocórica. Os frutos mais comuns foram legume e cápsula. O percentual e a analises de componentes principais (PCA), mostraram representatividade das síndromes autocóricas e anemocóricas, que estão ligadas principalmente a área I. Apesar da menor representatividade as síndromes autocórica/zoocória e zoocórica apontaram afinidade com as áreas mais conservadas (II e III).