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OS LIVROS DE LINHAGENS E OS CONTOS MELUSINIANOS: as representações femininas e os projetos ideológicos medievais.
Ensino de História, Gênero, Portugal Medieval.
As mulheres sobrenaturais foram personagens recorrentes nas produções medievais (orais e escritas) e inspiraram diversas narrativas. A produção literária estava inserida no cenário da memória erudita e popular, de fundos míticos e pagãos. Uma dessas mulheres era Melusina, fada sobrenatural que promove prosperidade e descendência a partir do casamento com um mortal. Levando em consideração as versões do conto melusiniano existentes na Europa, este trabalho investiga a presença desse esquema feminino no Livro de Linhagens do Conde d. Pedro – nobiliário de Portugal de meados do século XIV. Dentro da lógica das linhagens, a união com o ser do Outro Mundo legitima poder e posses familiares, servindo a projetos políticos e ideológicos que constroem identidades e modelos de conduta. Através das duas fontes A Dama Pé de Cabra, ancestral mítica da família Haro da Biscaia, e da Dona Marinha, fada fundadora dos Marinho, analisamos as representações e usos das mulheres medievais sob a perspectiva de gênero. Considerando o papel da memória coletiva e do imaginário social do medievo, localizamos a inserção das narrativas míticas junto aos conflitos da Baixa Idade Média. Como resultado, temos como objetivo a produção de um material didático sobre as mulheres ‘sem nome’ da Idade Média, que discuta os usos da memória, as relações de gênero e a ‘descolonização’ do medievo.