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“A gente não é só a casa!” PRODUÇÃO INTELECTUAL, MOVIMENTOS SOCIAIS E CONFLITOS: INTELECTUAIS QUILOMBOLAS DE ALCÂNTARA – MA E A EPISTEMOLOGIA DA RESISTÊNCIA.
Intelectuais quilombolas. Alcântara. Conflitos. Epistemologia da Resistência. Ensino de História.
O campo intelectual de Alcântara, antes evidenciado pela ideologia produzida pelos intitulados notáveis possibilita o desenvolvimento de uma análise detalhada de como as ideologias são construídas no âmbito de um campo intelectual e como as trajetórias de produção intelectual dos autores encontram-se intimamente associada à posição que estes ocupam nas diferentes estruturas de poder. Analisar como a noção de ideologia única elaborada pelos notáveis era atualizada e quais os instrumentos analíticos que garantem sua reprodução na atualidade, possibilita compreender como se dá o exercício permanente de disputa com a epistemologia colonial, a partir da elaboração de uma Epistemologia da resistência construída pelos intelectuais quilombolas de Alcântara frente ao conflito com o Centro de Lançamento de Alcântara – CLA. A Epistemologia da resistência em Alcântara é construída a partir dos esforços de romper com a epistemologia ocidental que consolidou a ideia de território epistêmico ocidental. Os conflitos desencadeados a partir da implantação do CLA ao longo de mais de 40 anos agudizaram o movimento dos intelectuais quilombolas na ressignificação de categorias de entendimento, a exemplo de território, territorialidade e decadência. Essa dinâmica é resultante de um processo longo e permanente de mobilizações dos diversos grupos sociais que, agregados em instituições representativas, consideram suas especificidades no que se refere às suas demandas, constroem, ressignificam conceitos, observando a heterogeneidade das situações vivenciadas e a partir dessa existência peculiar, elaboram uma “epistemologia outra”, que reflete a singularidade de si mesmos. O percurso da construção dos intelectuais quilombolas de Alcântara está intimamente associado à luta pelo território étnico reivindicado, no entanto, os saberes tradicionais consolidados a partir das relações estabelecidas com a ancestralidade pautaram práticas de resistência em um recorte temporal que antecede o CLA. Analisar seus diferentes discursos e suas potencialidades possibilita a compreensão do processo de construção de uma alternativa à ideia de epistemologia única, intitulada nessa tese como Epistemologia da Resistência dos intelectuais quilombolas de Alcântara, que produzem conhecimentos e localizam-se no campo científico a partir dos diferentes fazeres epistemológicos evidenciados no cotidiano das comunidades, ampliando o conceito de categorias de entendimento para além do viés acadêmico, numa ressignificação de esquemas interpretativos hegemônicos.