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A “DEVASSA” DA MARIQUINHAS: paixão, crime e poder na capital maranhense do século XIX
Produto Educacional: MARIQUINHAS
Gênero; Feminicídio, Maranhão - século XIX, Pontes Visgueiro, Mariquinhas, Graphic Novel
O presente estudo visa investigar um dos crimes mais notórios da capital maranhense no século XIX. Transposto para a historiografia como o Crime do Desembargador Pontes Visgueiro, a história do assassinato da menina Maria da Conceição, mais conhecida como Mariquinha, é amplamente estudada por juristas, escritores e historiadores devido ao ineditismo do processo, que, conforme as fontes, é a primeira vez no império brasileiro que um desembargador é processado pelo homicídio de uma mulher de “status inferior”. Tanto do ponto de vista político quanto social, a forma como o crime foi comumente tratado colocava como protagonista apenas o agressor: homem, branco, rico e de grande prestígio. Contudo, o que propormos agora é reconstruir uma história cujo foco principal será a “cultura do oprimido”, revalorizando não somente o “ponto de vista” da vítima: Mariquinhas — difamada diversas vezes durante o processo e nas diversas recontações do caso —, mas também a perspectiva das diversas mulheres que foram as primeiras a investigar o desaparecimento de Mariquinhas, acusar a ocorrência de um crime e insistir na abertura de uma investigação oficial. Essas e tantas outras vítimas daquela sociedade patriarcal, hierárquica e escravista, que outrora foram ignoradas pela historiografia tradicional, são as protagonistas desta tese. Metodologicamente, seguiremos os aportes da micro-história, tendo como base o paradigma indiciário e a descrição densa como seus pontos de partida. Através da “microanálise”, acreditamos ser possível alcançar um panorama mais amplo daquela época, e, dessa forma, contestar a passividade e subserviência comumente atribuídas às mulheres do passado. Como produto didático, optamos por produzir uma grafic novel, caracterizada por uma narrativa mais longa e densa, com um número maior de páginas e, geralmente, direcionada a um público mais maduro, capaz de compreender as complexidades do enredo. Dessa forma, o público-alvo do produto, voltado para a educação básica, tem uma classificação de idade para maiores de 14 anos. O objetivo foi elaborar um roteiro verossímil e empático, de forma que, através da linguagem gráfica dos quadrinhos, enfatizamos o papel de destaque da vítima e das mulheres que lutaram para solucionar e, consequentemente, punir o criminoso. Ademais, acreditamos que o produto didático pode ser utilizado como uma ferramenta de encorajamento e empoderamento para diversas meninas e mulheres que, ainda hoje, lutam contra as diversas violências de gênero e se mostram herdeiras das práticas do passado. Além disso, ele contribui para uma educação voltada ao combate ao machismo e patriarcalismo que sustentam essas violências.