Variabilidade Genética de Prochilodus lacustris (Characiformes, Prochilodontidae) em Bacias Hidrográficas do Estado do Maranhão.
Taxonômia,DNA mitocondrial, DNA nuclear, divergência genética
Na família Prochilodontidae, o gênero Prochilodus constitui um importante recurso pesqueiro.
Os peixes deste gênero apresentam características morfológicas bastante conservados
dificultando assim a identificação a nível de espécie, evidenciando incertezas quanto ao status
taxonômico entre Prochilodus lacustris e Prochilodus nigricans. No presente trabalho
objetivou-se determinar os índices de variabilidade genética de P. lacustris com base em
sequências do DNA mitocondrial (rRNA 16S, COI e Cyt b) e nuclear (TROP). A amostragem
foi constituída de espécimes das principais bacias hidrográficas Maranhenses (Tocantins,
Itapecuru, Mearim, Turiaçu, Pericumã e Parnaíba) e da Bacia Amazônica (Santarém, Cupari,
Xingu, Jacareacanga, Itaituba) coletados com diferentes apetrechos de pesca, sendo
identificados de acordo com literaturas especificas e posterior confirmação por especialista. O
material testemunho (voucher) foi depositado no Museu de Zoologia da Universidade Estadual
de Londrina/MZUEL e o restante dos espécimes foram depositados na coleção Zoológica do
Centro de Estudos Superiores de Caxias da Universidade Estadual do Maranhão CESC/UEMA.
Amostra de tecido foi retirado e conservado em álcool 70% para análises genéticas. A extração
do DNA total foi realizada a partir do tecido muscular utilizando-se o Kit Wirzard Genomic
DNA Purification Promega seguindo instruções do fabricante com algumas modificações. O
isolamento e amplificação dos genes de interesse foram realizados através da técnica de PCR
utilizando primers específicos e posteriorsequenciamento. Sequências de Hoplias malabaricus
(GU702203.1) e Leporinus sp (FJ418763.1) obtidas do GENBANK juntamente com sequências
de Leporinus sp. e Hoplias malabaricus contidas no banco de dados do Laboratório
GENBIMOL-CESC/CAXIAS foram incorporadas as análises como outgroup para os
marcadores rRNA16S, TROP, COI e Cyt b. Para as análises foram utilizados os programas
Bioedit, DNAspv6, MEGA 7, Arlequim 3.5. Os resultados revelaram sequências para os
marcadores mitocondriais com tamanhos de 565pb para o rRNA16S, 574 para o COI,769pb
para o Cyt b e para o marcador nuclear TROP de 259pb mostrando uma forte similaridade
genética entre as amostras P. lacustris e P. nigricans com valores de divergência genética
chegando a 1,1 para o gene TROP; para o gene COI-1,2; para o gene rRNA16S-0,4; para o
gene Cyt b- 0,7, esses níveis de divergência genética entre os haplótipos das bacias
maranhenses e bacia Amazônica variou de 0 a 1,2%, evidenciando baixos índices de
divergência genética e revelando um alto grau de proximidades entre os espécimes, sugerindo
a ocorrência de um único táxon para bacias Maranhense e da bacia Amazônia. A amova
mostrou valores de Fst de baixo a moderados (rRNA16S-0,851; COI-0,354; Cyt b-0,280 e
TROP- 0,208). As árvores filogenéticas mostraram para todos os marcadores um clado
fortemente suportado, onde os espécimes obtidos de P. lacustris das bacias Maranhenses e P.
nigricans das bacias Amazônica agruparam-se fortemente com 100% de bootstrap com os
espécimes de P. nigricans do rio Amazonas (Genbank). Nossos resultados confirmam uma alta
similaridade genética em os táxons morfologicamente distintos (P. lacustris e P. nigricans) nas
bacias estudadas reforçando assim a problemática taxonômica no grupo.