BIOLOGIA REPRODUTIVA APLICADA AO ORDENAMENTO PESQUEIRO NA BAIXADA MARANHENSE, SITIO RAMSAR DO BRASIL
Ciclo reprodutivo; Cichla monoculus; Hassar affinis; Hoplias malabaricus; Plagioscion squamosissimus; Prochilodus lacustres; Pygocentrus nattereri; Schizodon dissimilis; Zona úmida.
O complexo lacustre da Baixada Maranhense, sistema Pindaré-Mearim, constitui uma região ecológica de distinta importância no Estado e no Nordeste, não só como potencial hídrico, mas pelo papel socioeconômico que representa para toda a população ribeirinha, devido à diversidade de peixes comerciais encontrados na região. Devido à importância da região no que se diz respeito à biodiversidade e conservação dos peixes, informações sobre o desenvolvimento cíclico das gônadas, época e local de desova e comprimento em que os indivíduos entram no processo reprodutivo são informações primordiais para tomada de medidas regulatória na pesca, contribuindo para a manutenção dos estoques de peixe no ambiente. Com o objetivo de caracterizar reprodutivamente sete espécies comerciais da Baixada Maranhense, foram abordados aspectos referentes aos estágios maturacionais das gônadas, época de desova, período reprodutivo, proporção sexual e relação peso-comprimento. Os espécimes analisados totalizaram 2.864 indivíduos no geral. A proporção sexual calculada para cada espécie demonstrou que as fêmeas são predominantes na Baixada Maranhense. Apenas Cichla monoculus e Hassar affinis apresentaram alometria positiva, o que caracteriza maior investimento em peso do que em comprimento. A distribuição da frequência percentual por estágios maturacionais demonstrou que Hoplias malabaricus, Plagioscion squamosissimus, Prochilodus lacustres, Pygocentrus nattereri e Schizodon dissimilis estão reproduzindo precocemente. A periodicidade reprodutiva das espécies foi mais frequente no período chuvoso, embora algumas espécies demonstraram capacidade de desova tanto no período seco quanto no chuvoso. A partir desses dados sugerem-se como medidas de gerenciamento para a Baixada Maranhense a modificação do período de defeso estabelecido pelo IBAMA de 3 meses para 5, 1º de dezembro a 31 de maio. Apenas H. affinis e P. squamosissimus necessitam de períodos de defeso individuais, uma vez que apresentam picos de desova no período seco e no chuvoso, por tal fato, recomenda-se duas paradas de pesca no ano para ambas, sendo 1º de março a 30 de Abril e 1º de novembro a 31 de dezembro para H. affinis e 1º de março a 30 de Abril e 1º de dezembro a 31 de janeiro para P. squamosissimus, assim será garantida a manutenção dos estoques das espécies deste estudo sem acarretar prejuízos a longo prazo para a pesca local.