Fauna parasitária e biomarcadores em Pygocentrus nattereri para o monitoramento de ambiente lacustre da Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense
Pygocentrus nattereri. Biomarcador histológico. Biomarcador genotóxico. Diversidade parasitária. Lago.
O objetivo dessa pesquisa é realizar a prospecção da fauna parasitária e avaliar biomarcadores histológicos e genotóxicos de Pygocentrus nattereri para o monitoramento de impacto ambiental no lago de Viana, localizado na Área de Proteção ambiental da Baixada Maranhense. Em campo foram aferidos parâmetros abióticos da água e coletadas amostras para análise microbiológica e concentração de elementos traços em dois pontos de amostragem. Para as análises dos organismos foram coletados 20 espécimes de Pygocentrus nattereri no lago de Viana, em outubro de 2021. Para análise das amostras de sangue foram confeccionadas três extensões sanguíneas por peixe e para procedimento histológico em parafina, foi retirado dos peixes o segundo arco branquial direito, fígado e rim. As alterações estruturais histológicas encontradas foram classificadas e avaliadas semiquantitativamente pelo cálculo do Índice de Alteração Histológica (IAH). Foi realizada inspeção macroscópica para coleta de endoparasitos e ectoparasitos. Foram determinadas as concentrações de Alumínio (Al), Ferro (Fe), Fósforo (P) e Manganês (Mn), bem como coleta de água para análise de coliformes e Escherichia coli. As anormalidades nucleares eritrocíticas (ANE) corresponderam a 71,34% e micronúcleo a 28,66%. Também foram observadas presença mixósporos nos esfregaços sanguíneos. Foram quantificados 192 espécimes de parasitos e identificados 4 táxons distintos, sendo: Contracaecum sp, Procamallanus sp., Myxobolus sp. e monogeneas. Os monogeneas e Contracaecum apresentaram maiores prevalências nos peixes analisados (80%) e (65%), seguido de Myxobolus sp. e Procamalanus sp. que apresentaram índices menores, com 45% e 20%. Foram observadas alterações histológicas branquiais dos três estágios de severidade, como levantamento do epitélio respiratório, hiperplasia do epitélio lamelar, fusão incompleta de várias lamelas e congestão vascular, parasitos hiperplasia e hipertrofia das células de muco e aneurisma lamelar. A presença de parasitos nas brânquias foi de 75%, além da prevalência de 70% de plasmódios nas lamelas branquiais. No fígado foram encontradas alterações histológicas em dois estágios de severidade, como núcleo na periferia da célula, hipertrofia celular, centro de melanomacrófagos, vacuolização, rompimento celular, hiperemia e degeneração gordurosa. As alterações histológicas renais mais frequentes foram degeneração hialina tubular leve, hipertrofia das células tubulares, desorganização tubular, aumento do espaço de Bowman e aumento do lúmen tubular, seguidas de degeneração hialina tubular severa, e necrose com menos frequência. O IAH médio para brânquia e rim foi de 71,35 e 72,9, respectivamente, classificadas como modificações severas dos tecidos; e em fígado com IAH médio de 20,55, compreendendo as danificações leves para moderadas dos tecidos. A descrição de parasitos contribui para o conhecimento da biodiversidade local, além de funcionar como indicador ambiental. A espécie Pygocentrus nattereri se mostrou sensível, uma vez que as anormalidades nos eritrócitos, diversidade parasitária e alterações histológicas nas brânquias, fígado e rim indicam uma resposta adaptativa aos estressores presentes no ambiente.