No dia 29 de dezembro de 2019, no Assentamento Fortaleza IV, município de Esperantina – PI, foi comemorado os 80 anos de Francisca Rodrigues dos Santos e lançado o livro Chica Lera: a História dos Movimentos Sociais e a Luta das Quebradeiras de Coco Babaçu no Piauí. Estiveram presentes os familiares, amigos/as, representantes das comunidades, do sindicato, integrantes do MIQCB, autoridades políticas e as pesquisadoras do PNCSA: Carmen Lima e Arydimar Gaioso.

Público presente na comemoração realizada na casa de Chica Lera, no Assentamento Fortaleza IV, em Esperantina

Chica Lera falando de sua trajetória

 

A noite festiva foi iniciada com uma celebração da palavra de Deus, que relembrou um momento importante da vida de dona Chica Lera: sua atuação nas Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) de Esperantina e Território Cocais. Em seguida, para o lançamento do livro, foi constituída uma mesa com as autoridades presentes e companheiros/as que compartilharam a trajetória de luta de dona Francisca. Os depoimentos verbalizados causaram muita emoção. Prevaleceu nas falas o sentimento de gratidão e o reconhecimento à atuação de dona Chica Lera e a importância da publicação do livro e parceria do MIQCB com o PNCSA.

Primeiramente, quero agradecer por participar da feitura deste livro que narra a história da dona Chica Lera e de todas as mulheres assentadas, quebradeiras de coco babaçu e todas as trabalhadoras rurais. Ela é um exemplo da força e resistência. A alegria de dona Chica Lera é contagiante (Arydimar – pesquisadora do PNCSA).

Arydimar Gaioso falando da organização do livro

 

O meu trabalho e o de Arydimar foi de organização do livro, a autoria é de dona Chica Lera e todas as pessoas que mandaram depoimentos para narrar essa história. Desde a primeira conversar com o MIQCB, em Esperantina, para coletar o material para o livro, a ideia central desta produção foi: a história de dona Chica Lera é a história dos movimentos sociais e das quebradeiras de coco babaçu. Essa é uma publicação do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia muito importante, pois nos fortalece contar essa história neste momento em que vivemos e vemos os ataques do atual governo aos direitos dos povos e comunidades tradicionais. Perceber que, apesar das adversidades enfrentadas ao longo dos anos, ela não desistiu, essa persistência nos obriga a continuar lutando (Carmen Lima – pesquisadora do PNCSA).

Carmen Lima apresentando o livro

 

Dona Francisca é um exemplo de mulher de luta para nós aqui em Esperantina. É uma pessoa que superou muitas dificuldades e problemas pessoais, mas fez dessas dificuldades os degraus para vencer na vida, na luta pela terra e pela comunidade. A gente tem uma história muito próxima, de proteger uma a outra. O livro vai fazer com que a memória dela fique viva para sempre em nosso meio (Vilma Amorim, Prefeita de Esperantina).

 

A palavra principal dessa noite é gratidão pela oportunidade de aprender e conviver. A dona Chica Lera é a pessoa mais sábia que eu conheço. Muitas quebradeiras tem o orgulho de dizer que você é nossa mãe, a mãe de todas as quebradeiras de coco babaçu, a nossa mãe palmeira (Aline Barros, Secretaria de Estado da Agricultura Familiar).

Chica Lera e Aline Barros (SEAF)

 

Quero parabenizar essa grande companheira, a dona Chica Lera. Esse momento é muito importante para os movimentos sociais e, especialmente, para as quebradeiras de coco babaçu. Essa região é muito caracterizada pelos babaçuais e tem uma história marcada pelo antes e depois do surgimento do MIQCB. Todo o enfrentamento do latifúndio, a quebra das amarras das mulheres foi protagonizada por ela e suas companheiras. Isso demonstra a transformação que as pessoas são capazes de fazer. Ela é um símbolo da transformação (Lima, Deputado Estadual do PT).

 

Nós reconhecemos a grandeza de Dona Chica Lera na luta da defesa das quebradeiras de coco. Esse livro é um presente que não é só seu e de todas nós. Você nos orgulha muito (Vilma Lima, Prefeita de São João do Arraial).

 

Vilma Limma (Prefeita de São João do Arraial), Limma (Deputado Estadual do PT), Chica Lera, Vilma Amorim (Prefeita de Esperantina) e Rejane (SEPLAN).

 

Graças à luta de dona Chica Lera nós estamos um pouco livre da opressão do latifúndio e dos patrões. Vocês veem esses cabelos brancos dela, isso é só de lutar. Jovens prestem atenção e peguem um pouco da luta de dona Chica Lera como exemplo. O MIQCB está de portas abertas e precisando de gente para continuar essa luta. Ela começou no movimento das trabalhadoras rurais e continuou nas quebradeiras de coco e está aqui até hoje. Nós iniciamos juntas e estamos juntas até aqui. Parabéns dona Chica Lera, eu estarei sempre na Vila São Pedro para lutar e não esmorecer (Francisca Martins, MIQCB).

 

Francisca Martins alertando sobre a importância da luta de Chica Lera e a inclusão dos jovens no MIQCB para continuar a luta

 

Dona Chica nos ensina a dar oportunidade às pessoas. Eu sou um exemplo, ela me deu oportunidade de estar na luta pelos babaçuais, pelo acesso a água e a terra. Falar de dona Chica é falar de preservação dos babaçuais. Uma das falas delas é: resistir para existir! É um prazer conhecê-la e fazer parte dessa história (Jucelino, MIQCB).

 

Eu sou da Chapada da Sindá, lá em São João do Arraial. Eu entrei no movimento e passei a fazer a coordenação do MIQCB e agradeço os ensinamentos de dona Chica Lera. Ela é um exemplo para mim (Nalva, MIQCB).

 

Eu posso dizer que eu me tornei uma liderança seguindo o exemplo de dona Francisca. Para mim ela é uma sábia, uma filosofa. Ela ensina a gente a viver. A vida dela é de luta e de muito sofrimento. Ela enfrentou muitas coisas para que pudesse chegar até aqui. Nós agradecemos o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia pela oportunidade desse livro tão importante para ela e para o MIQCB. Agradecemos por tudo o que vocês têm feito por nós e pela nossa parceria (Francisca Nenem, MIQCB).

 

Francisca Neném narrando sua experiência com Chica Lera

 

Eu nunca pensei de chegar até aqui e nunca imaginei de ter um livro com a minha história, com a história das nossas lutas. Eu me sinto muito feliz e agradecida. Agradeço a todas as pessoas que ajudaram, que trabalharam para ter esse livro hoje (Chica Lera, MIQCB).

 

Emoção de Chica Lera

Para finalizar, os presentes saborearam um jantar comunitário constituído de produtos da agricultura familiar e preparado por um grupo de mulheres. Toda a programação foi organizada pelo MIQCB – Regional Piauí.

Chica Lera autografando o livro

 

Familiares de Chica Lera

 

Sandra (assessora MIQCB) e Chica Lera

 

O livro Chica Lera: A História dos Movimentos Sociais e a Luta das Quebradeiras de Coco Babaçu no Piauí é uma publicação do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia e faz parte da série Narrativas das Quebradeiras de Coco Babaçu. Organizado pelas pesquisadoras Carmen Lúcia Silva Lima (Laboratório do PNCSA/UFPI) e Arydimar Vasconcelos Gaioso (GESEA/UEMA), é um produto do Projeto Cartografia Social como Estratégia de Fortalecimento do Ensino e da Pesquisa Acadêmica: Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia e Projeto Mapeamento da Região Ecológica do Babaçu, financiado pela Fundação Ford. Além das organizadoras, fizeram parte da equipe de pesquisa de produção do livro a própria Francisca Rodrigues dos Santos (Chica Lera), Antônio Alex Rodrigues dos Santos (Neto de Chica Lera) e membros do MIQCB – Regional: Helena Gomes da Silva, Jucelino Silva Castro e Sandra Silva Cardoso.

Fotos: Carmen Lima e Ascom Dep. Limma / Geirlys Silva.