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"CARACOL AFRICANO (Achatina fulica) E NEMATÓDEOS DE IMPORTÂNCIA À SAÚDE PÚBLICA E MÉDICO-VETERINÁRIA NA ILHA DE SÃO LUÍS, MARANHÃO"
Achatina fulica; caracol africano; nematódeos.
O caracol Achatina fulica, é um molusco natívo da Africa Oriental introduzido no Brasil com o propósito de ser utilizado na alimentação, como uma alternativa na substituição do Cornum aspersum, conhecido como escargot. Devido ao rápido crescimento populacional desordenado, e potencial de dispersão, é considerada uma espécie invasora em vários paises, incluindo o Brasil. O caracol gigante africano, como é conhecido popularmente, é considerado como praga urbana e agrícola, constitui uma ameaça a biodiversidade e saúde pública, por ser hospedeiro intermediário de nematódeos, como o Angiostrongylus cantonensis, agente etiológico da Meningite Eosinofílica. Este estudo investiga a ocorrência de Achatina fulica e nematódeos de importância à saúde pública e médico-veterinária na Região Metropolitana da Ilha de São Luís. Serão realizadas coletas em 12 parcelas fixas de 20 x 10 m (05 min/02 coletores) nos municípios de Paço do Lumiar, Raposa, São José de Ribamar e São Luís, no final do período chuvoso (mês de julho) e período seco (mês de novembro) do ano de 2024 e 2025. Nas parcelas fixas foram coletadas amostras de solo nos períodos estudados, para análise de cálcio, matéria orgânica e potássio. Os dados meteorológicos, médias mensais de precipitação, temperatura e umidade foram coletadas no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A análise dos dados foi realizada pelo software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 22.0. As amostras de moluscos foram avaliadas inicialmente no Laboratório Central do Maranhão (LACEN – MA) e em seguida encaminhadas para o Laboratório de Malacologia (LRNEM – IOC), Fiocruz, Rio de Janeiro, onde foram submetidas ao processo de digestão artificial, com HCl a 0,7%. Os moluscos A. fulica foram pesados e mensurados para realizar a relação massa-comprimento e identificar o fator de condição relativo (Le Cren, 1951). Foram coletados 473 espécimes em 2024, 348 (73,57%) no período chuvoso e 125 (26,42%) no período seco. Os moluscos foram identificados quanto à espécie e depositados na Coleção de Moluscos do Instituto Oswaldo Cruz (CMIOC). Quanto a classe de tamanho de moluscos coletados, predominaram no período chuvoso os jovens 172 (49,42%) e adultos jovens 170 (48,85%). Já no período seco, os adultos jovens 84 (67,2%) foram mais predominantes. Em relação ao exame parasitológico dos moluscos, detectou-se a infecção do caracol A. fulica com nematódeos de vida livre em 09 (1,90%) espécimes e de Cruzia tentaculata em 22 (4,65%) espécimes, identificados nos quatro municípios em 08 parcelas. Em relação ao crescimento alométrico de A. fulica na Ilha de São luis, observou-se o valor de b=0,98. Quanto ao fator de condição relativa (Kr), identificou-se que 16 parcelas (69,56%) das parcelas, envolvendo seus períodos chuvosos e secos, apresentavam-se com moluscos acima do peso (kr>1); 5 parcelas (21,73%) apresentavam os moluscos no valor ideal (Kr=1) e somente 2 parcelas (8,69%) estavam com os moluscos abaixo do peso (Kr<1). Observa-se no presente estudo que tanto no período seco quanto no chuvoso o caracol africano mantem-se nas áreas estudadas da Região Metropolitana da Ilha de São luis, mesmo em períodos de estiagem, foram encontrados moluscos adultos jovens, evidenciando a capacidade de adaptação em situações ambientais adversas possibilitando sua reprodução no período chuvoso. As condições antrópicas promovem a manutenção e proliferação dos moluscos A. fulica, principalmente em locais com saneamento básico precário e que não ocorram limpeza de lixo, entulhos e vegetação. Espera-se que os resultados deste estudo forneçam medidas de controle malacológico eficazes, contribuindo para a promoção da saúde dentro do contexto de "Uma Só Saúde".