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"DETECÇÃO DE PARASITAS DO GÊNERO Trypanosoma EM PEQUENOS RUMINANTES NO ESTADO DO MARANHÃO, BRASIL"
caprino, diagnóstico, hemoparasita, ovino, tripanossomose.
A tripanossomose animal representa um entrave sanitário e econômico para agropecuária, especialmente em regiões tropicais. Essa enfermidade em ruminantes pode ser debilitante e fatal, por causar anemia grave e focos inflamatórios sistêmicos. No Brasil, a infecção por Trypanosoma vivax em caprinos e ovinos está associada a altas taxas de morbidade, mortalidade e redução na produtividade, contudo pode resultar em animais assintomáticos. Outras espécies como Trypanosoma evansi e Trypanosoma theileri ocorrem no Brasil e também podem infectar pequenos ruminantes, apesar de serem considerados de baixa patogenicidade. Embora o tema tenha importância no cenário nacional, no estado do Maranhão são inexistentes os estudos voltados à ocorrência tripanossomas, o que evidencia uma lacuna no conhecimento epidemiológico acerca da tripanossomose em ovinos e caprinos, deixando rebanhos vulneráveis a surtos subdiagnosticados. Assim, objetivou-se detectar parasitas do gênero Trypanosoma em pequenos ruminantes no estado do Maranhão, utilizando métodos diretos e indiretos. Foram colhidas amostras sanguíneas de caprinos e ovinos em propriedades rurais dos municípios de São Bento, Pinheiro e Itapecuru-Mirim, no período seco e chuvoso. Previamente às coletas, cada produtor assinou um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e respondeu a um questionário para documentar os fatores de risco associados. Para cada animal amostrado, foi preenchida uma ficha de identificação individual com dados demográficos e sanitários. Esfregaços sanguíneos foram confeccionados e avaliados por microscopia óptica para pesquisa direta de tripanossomas. Utilizou-se o ensaio de imunoabsorção enzimática indireto (iELISA) para detecção de anticorpos anti-T. vivax. Para deteção molecular, foram realizadas reações em cadeia pela polimerase (PCRs) empregando iniciadores que amplificam fragmentos específicos do genoma de T. vivax, T. evansi e T. theileri. As amostras positivas por PCR foram sequenciadas, os nucleotídeos obtidos foram comparados com sequências depositadas no Genbank e posteriormente foram realizadas inferências filogenéticas. Os testes de associação Qui-quadrado e Exato de Fisher foram utilizados para análise estatística de fatores de risco. Não foram observadas formas tripomastigotas de tripanossomas nos esfregaços sanguíneos. Obteve-se uma frequência de 14,28% de animais soro-reagentes para T. vivax e duas amostras foram positivas para T. vivax por PCR (5,08%), sendo confirmadas as identidades em 100% com sequências do Genbank. O posicionamento filogenético demonstrou homologia das sequências obtidas com isolados de T. vivax em búfalos, bovinos, pequenos ruminantes e asininos do Brasil. Todas as amostras foram negativas para T. evansi e T. theileri. Os testes estatísticos revelaram associações significativas entre a infecção por T. vivax e as seguintes variáveis: espécie animal, aquisição recente de animais, assistência veterinária, infraestrutura da propriedade e tipo de alojamento. Os resultados evidenciam a presença de infecção por tripanossoma da espécie T. vivax em caprinos e ovinos no Maranhão. Este estudo adiciona dados relevantes ao cenário da tripanossomose animal no Brasil e alerta para a tomada de medidas de controle e prevenção da infecção em rebanhos de pequenos ruminantes no estado do Maranhão.