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CAROLINA MARIA DE JESUS: TESSITURA DA ESCRITA COMO IDENTIDADE
Autobiografia. Carolina Maria de Jesus. Escrita de si. Subjetividades
Carolina Maria de Jesus sob o olhar da obra Quarto de Despejo: diário de uma favelada (1960) alvitra por meio da escrita autobiográfica uma releitura sobre a condição do negro no Brasil a partir de experiências femininas opressoras emersas num contexto racista, sexista e com conflituosos conceitos de classe, gênero. Ao mesmo tempo, permite análises sobre esse corpo que escreve como resgate de sua identidade de mulher negra fracionada, cuja subjetividade foi subjugada por muitos anos. Dessa forma, este trabalho parte da perspectiva da escrita de si para analisar a tessitura textual confessional e problematizar como isto é um importante componente no sentido de forjar a subjetividade para o narrador e, de modo simultâneo, entender qual a imagem que o personagem cria de si numa concepção de construção identitária feminina teorizando a favela e fazendo desta conhecida e muito além de excrementos e depósitos de pessoas. Nessa conjuntura, a atenção desta pesquisa também recai sobre escritas autobiográficas e literaturas de mulheres afrodescendentes, a relevância destas para o cenário literato, assim como discutir a literatura social valendo-se dessa narrativa, do
lugar que é escrita e os discursos que são reiterados pela autora. O estudo é qualitativo de cunho bibliográfico, crítico literário interdisciplinar arguido pela visão teórica de Elvira Divina Perpetua (1995), Jacques Derrida (2005), Leyla Perrone Moisés (2016), Roland Barthes (2000), Michael Pollak (1992), Conceição Evaristo (2009), Eduardo Sousa Ponce (2017), Angela Davis (2016), no que se refere ao tecido literário como identidade e a condição social de ser negro. Em diálogos sobre a escrita de si, autobiografias femininas autores como Margareth Rago (2013), Lilian de Lacerda (2003), Phelippe Lejeune (1997), Ana Faedrich (2009). A importância deste trabalho dá- se ainda por entender a literatura como mecanismo de transcendência, de conversas reflexivas sobre o lugar que se ocupa quando se é mulher ou quando nos tornamos uma.