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A VERBALIZAÇÃO DO OLHAR: a memória e a paisagem, em Litania da Velha.
Litania da Velha. Literatura e paisagem. Memória. Literatura Maranhense.
Esta dissertação propõe o estudo da obra Litania da Velha (1996), de Arlete Nogueira da Cruz Machado (1936), a partir da relação entre a poesia, a memória e a paisagem, considerando o poema como um olhar verbalizado de seu eu-lírico e/ou de sua personagem. A magnum opus arletiana se apresenta em um poema narrativo, cuja diegese conta com uma personagem mendiga anônima que, na sua rotina solitária, percorre, pela última vez, o centro histórico da cidade de São Luís. Defende-se assim que, nesse passeio, a personagem perpassa por quatro sequências discursivas – lembrar, caminhar, descansar e cair – pelas quais se erguem esta leitura, metodologicamente. Para a ação de lembrar, abalizados nos pensamentos de Paul Ricoeur, Jacques Le Goff, Maurice Halbwachs e Henri Bergson, discutimos as nuances da memória e como ela se manifesta no texto literário. Na ação de caminhar, sob a perspectiva de Gaston Bachelard, para a poética do espaço, e de Yi-fu Tuan e Michel Collot, buscou-se entender como a paisagem é construída e representada no poema. Tomados pela ato poético da personagem, que para e descansa em um degrau, vislumbramos as noções de entrelugar, como uma descontinuidade do espaço, e não-lugar, como lugar transitório, respectivamente, sob as ideias de Silviano Santiago e Marc Augé. Ao desfecho poemático, a experiência da queda da personagem nos revela ou deixa entreaberto seu fim. Nesse contexto, o debate teórico com o poema, sob a ótica, também, da fenomenologia, de Merleu-Ponty, nos leva à percepção da memória e da paisagem na lírica arletiana.