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A CONSTRUÇÃO DIALÓGICA DOS PERSONAGENS EM “MEIO SOL AMARELO”
DE CHIMAMANDA ADICHIE
Pós-colonialismo. Personagem. Dialogismo. Identidade. Diferença.
Seja por meio do resgate de suas memórias ou recriando literariamente os relatos dos que testemunharam ou do que foi testemunhado por outros, os escritores africanos contemporâneos constroem suas narrativas situando-as no contexto dos grandes marcos históricos de suas respectivas nações. Meio Sol Amarelo (2008) de Chimamanda Ngozi Adichie elege a Nigéria como palco de uma narrativa que reconstrói a guerra de secessão de Biafra. Classificada como pós-colonialista, essa obra traz, como novidade do gênero, o retrato da vida cotidiana dos civis. A obra apresenta três personagens principais: Olanna, Ugwu e Richard, sujeitos que se moldam, em prol de uma nação imaginada, na medida em que a Guerra avança. Busca-se, neste trabalho, compreender o processo de criação dialógica desses personagens por meio da análise, sob a perspectiva da crítica literária, dos discursos transmitidos na referida obra. Neste sentido, faz-se necessário uma abordagem dos estudos sobre “dialogismo” do pensador russo Mikhail Bakhtin (2015) além das contribuições (sobre o conceito de personagens e teoria literária) de outros autores como: Julia Kristeva (2012), Frye (2006), Antoine Compagnon (2010), Ana Maria Mafalda Leite (2014). Insere-se, também, nesta pesquisa, os estudos sobre o pós-colonialismo feitos por Ashcroft (2012), Fanon (2008), Kwame Anthony Appiah (2010) e as noções sobre identidade e diferença geradas com o surgimento do pós-estruturalismo, discutidos por Michael Peters (2010) e Stuart Hall (2016). Entende-se que a discussão referente ao dialogismo permite uma abertura do texto sobre o mundo. É nesse sentido que, em Meio Sol Amarelo, é possível perceber o posicionamento ideológico dos personagens centrais entrando em conflito com o universo heterodiscursivo da obra.