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COSTURANDO AS LEMBRANÇAS NOS (B)ECOS DA MEMÓRIA DE CONCEIÇÃO EVARISTO: VIDAS ENTRECRUZADAS
Literatura afro-brasileira. Memória. Conceição Evaristo.
Em seus escritos, Conceição Evaristo recupera os espólios da escravização, as reminiscências do passado, ao mesmo tempo em que nos permite repensar a condição feminina, a partir das peculiaridades e especificidades da mulher negra, na busca pela edificação de sua identidade. Este trabalho propôs analisar a obra Becos da memória (2013), de Conceição Evaristo, e perceber como a memória se apresenta como elemento constitutivo de identidade no romance. Nosso foco recai sobre as memórias femininas, a fim de compreendermos como as categorias de gênero, raça e classe funcionam como mecanismos de segregação. A narrativa constrói-se a partir de fragmentos da memória da personagem Maria-Nova, que narra a trajetória de indivíduos que vivem em uma favela, os excluídos da teia social. A pesquisa é qualitativa, de cunho bibliográfico, fundamentada na visão de Michael Pollak (1989 e 1992), Stuart Hall (2003), Homi Bhabha (1998) e Eduardo de Assis Duarte (2006, 2007 e 2017) no que se refere a construção identitária atrelada às ferramentas mnemônicas pautadas na literatura afro-brasileira e, em relação às memórias femininas, nos fundamentamos em Emilene Souza (2011) e Cátia Cristina Maringolo (2014). A obra insere-se na categoria dos escritos Evaristinianos denominados de escrevivência. Percebemos como a personagem Maria-Nova evidencia as vivências, experiências e as histórias do que é ser uma mulher negra numa sociedade misógina, sexista e racista. Nesta pesquisa, adotamos aqui a terminologia literatura afro-brasileira, no que diz respeito aos escritos produzidos pelos negros a partir de um passado diásporico.