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IMAGENS DA MULHER AFRO-BRASILEIRA EM OLHOS D`ÁGUA DE CONCEIÇÃO EVARISTO
Mulher Afro-brasileira. Afrocentrismo. Lugar de fala. Conceição Evaristo. Escrevivências.
Este trabalho tem como objetivo analisar a construção da imagem da mulher afro-brasileira em dois contos da obra Olhos d´água (2018), da escritora contemporânea Conceição Evaristo. A obra possui quinze contos entre os quais escolhemos dois: Olhos d´água e Duzu-Querença. Neles, buscamos averiguar como a imagem da mulher-mãe, mulher-filha e da mulher-avó são construídas e representadas na perspectiva da ancestralidade a da memória. Além disso, a escrita de Evaristo é perpassada por um sentimento diaspórico que traz no processo narrativo um espaço de fala, isto é, um espaço discursivo que dá voz às personagens femininas negras ao ficcionalizar as suas vivências cotidianas enquanto forma de ação e resistência. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica de carácter qualitativo e fenomenológico, pois adentramos nas escrevivências como fenômeno do imaginário, destacando as constelações de imagens nos contos analisados. Para embasamento teórico, a pesquisa fundamentou-se na noção de trajeto antropológico do imaginário, de Gilbert Durand (2019), no epistemólogo de Gaston Bachelard a partir da obra A poética do espaço (2006), bem como do fenomenólogo Merleau - Ponty (2018) em sua obra A fenomenologia da percepção (2018), além de Mazama (2009), Evaristo (2020), Ribeiro (2019), Gilroy (2001), Gonzalez (2020), entre outros. Os resultados da investigação apontam que as escrevivências Evaristianas, por meio das análises empreendidas nos dois contos da obra supracitada, transpõem um espaço discursivo, visto que as ações e situações cotidianas da mulher negra e subalterna são colocadas em evidência a partir da memória e ancestralidade, trazendo consigo um campo de imagens simbólicas sobre as ações narrativas das personagens femininas: as imagens da mulher-mãe, da mulher-filha e da mulher-avó. Em outras palavras, a Escrevivência é uma escrita que traz pluralidades femininas enquanto forma de quebrar paradigmas, mediante a perspectiva de escrever, viver e agir, desconstruindo o legado do sistema eurocêntrico patriarcal e (re)afirmando a (re)existência das vivências das mulheres afro-brasileiras.