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“O MIRANTE VÊ ALÉM DO DIA”: CIDADE E MEMÓRIA EM " OS CANHÕES DO SILÊNCIO" DE JOSÉ CHAGAS
Cidade. Memória. Lugares de memória. José Chagas.
A memória desempenha um papel fundamental na literatura, tanto como tema quanto como ferramenta de ressignificação do passado. Partindo dessa premissa que o presente estudo objetiva analisar a obra “Os Canhões do Silêncio”, de José Chagas, numa perspectiva memorialística. Para tanto, interessa entender como se dá a relação do sujeito poético com a paisagem e espaços da cidade; como se formam as memórias a partir dos lugares históricos e quais elementos corroboram para a construção da memória do lugar. A obra em questão é constituída de 200 páginas, cujas imagens poéticas dialogam com a história e memória da cidade de São Luís do Maranhão. Em Os Canhões do Silêncio, o poeta constitui uma inquietante pergunta sobre o ser e o tempo por meio do uso da metonímia do mirante e do bairro Desterro, cujo eu poético reflete sobre a trajetória histórica do lugar entre o esplendor e a decadência, o eu do poema metaforiza as contradições de grandeza e miséria, de virtude e vício, de permanência e perecimento que assinalam a história cronológica do ser humano no local. Nessa perspectiva, a análise literária tem como fundamentos as obras de: Assmann (2011), Bachelard (2008),
Halbwachs (2013), Le Goff (1994), Santos (2018), dentre outros. Constatou-se sobre a obra um universo literário completo e muito bem desenvolvido que prende a atenção e provoca sentimentos variados, ao mesmo tempo em que as belezas de São Luís são narradas, há a presença da tristeza e melancolia do eu lírico ao recordar o passado da cidade. Além disso, ressalta-se que a cidade representa não apenas a morada física para o corpo do eu lírico, mas, também o local que abriga suas emoções e guarda memórias profundas que transcendem em tempo e espaço.