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Narrar-se travesti: violência e resistência em O Parque das Irmãs Magníficas, de Camila Sosa Villada
O Parque das irmãs magníficas. Travestilidade. Violência. Resistência.
A literatura contemporânea tem permitido a inclusão de vozes diferentes e dissidentes nos discursos antes circunscritos e fechados pelas matrizes de poder dominante. O reconhecimento da potência dessas vozes dissidentes ganha força à medida que seus discursos, suas histórias e suas lutas são reconhecidas e legitimadas. Algumas produções de autoria de travestis tem ganhado notoriedade e reconhecimento por parte da crítica e do público, como O Parque das irmãs magníficas, da escritora argentina Camila Sosa Villada. Esta pesquisa analisou as configurações da travestilidade no romance de Villada, com enfoque fundamental em duas dimensões intrínsecas que marcam esse universo: a violência e a resistência. Para tal análise, empreendemos uma leitura de convergência entre duas perspectivas: a primeira, baseada nos estudos e ideias de diversas áreas do conhecimento a respeito dos temas tratados, tais com Kulick (2008), Silva (2007), Pelúcio (2005), Benedetti (2005), Trevisan (2018), Dalcastagnè (2012), Schøllhammer (2011), Resende (2008), e outros, a fim de dar base teórica para as proposições de análises feitas a partir do corpus da pesquisa; e a segunda, baseada no próprio corpus, de modo a examinar as ideias, o discurso e as estéticas desenvolvidas no romance no que toca a representação da travesti marcada pela violência e pelos mecanismo de resistências frente às matrizes sociais normativas e opressoras. Ademais, a análise realizada teve em vistas contribuir para os estudos da literatura de expressão travesti com mais uma cartografia social das identidades transgêneras e suas singularidades.