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Tessituras de memória em Quarto de Despejo: Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus.
Memória. Quarto de Despejo. Literatura.
Partindo da ideia que a literatura se utiliza da memória como fonte de inspiração para a representação da realidade nas tramas ficcionais, o presente trabalho analisa a exclusão sociocultural e suas relações com as memórias individual e coletiva, na obra Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960 [2014]), de Carolina Maria de Jesus (1914-1977). Tendo como plano de fundo a representação de uma memória que transcende a subjetividade, o livro, construído em forma de diário, registra o cotidiano de Carolina no âmbito da favela do Canindé, na cidade de São Paulo, onde ela e seus filhos viveram grande parte das suas vidas. A partir dos seus relatos, a escritora, expõe sua experiência como catadora e a situação de miséria da população residente na favela, além disso, tece fortes críticas à sociedade, e posiciona-se diante da sua condição de subalterna. Apoiada nessas informações, para a realização desta investigação adotamos como metodologia a pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo, na qual discutimos a temática em conformidade com os estudos literários. Nessa perspectiva, quanto ao debate memorialístico o trabalho pauta-se nas ideias de autores como Halbwachs (2013), Le Goff (2013), Ricoeur (2010) e Assmann (2011); no campo da literatura e crítica literária a pesquisa partiu dos discursos de Bakhtin (1997) Farias (2017), Dalcastagné (2012), Resende (2008) e outros. Tendo em vista o percurso de análise na obra em estudo, será possível perceber que a memória individual registrada em Quarto de Despejo (1960 [2014] tem implicações coletivas, uma vez que o passado e presente dialogam por intermédio de questões históricas.