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NARRAR-SE TRAVESTI: A REPRESENTAÇÃO AUTOFICCIONAL EM O PARQUE DAS IRMÃS MAGNÍFICAS, DE CAMILA
SOSA VILLADA
O Parque das irmãs magníficas. Autoficção. Representação. Travestilidade.
A literatura contemporânea tem permitido a inclusão de vozes diferentes e dissidentes nos discursos antes circunscritos e fechados pelas matrizes de poder dominante. Nos últimos anos, percebe-se que as produções de autoria de travestis têm cruzado as fronteiras impostas por essas matrizes e buscado seu próprio espaço dentro
do intrincado meio literário. O reconhecimento da potência dessas vozes dissidentes ganha força à medida que seus discursos, suas histórias e suas lutas são legitimadas. Mais do que representatividade, buscam poder e espaço para falar de si e por si, reivindicando, portanto, seu local de fala. Desse modo, algumas produções de autoria de travestis tem ganhado notoriedade e reconhecimento por parte da crítica e do público, como O Parque das irmãs magníficas, da escritora argentina Camila Sosa Villada. O presente trabalho objetiva analisar criticamente a retórica e a estética na representação autoficcional da travestilidade nesse romance, com enfoque fundamental em três dimensões intrínsecas que marcam suas realidades: a prostituição, a violência e resistência. Para tal análise, pretende-se fazer um trabalho de convergência entre duas perspectivas: a primeira, baseada nos estudos e ideias de diversas áreas do conhecimento a respeito dos temas tratados, a fim de dar base teórica para as proposições de análises feitas a partir do corpus da pesquisa; e a segunda, baseada no próprio corpus, de modo a examinar as ideias, a retórica e as estéticas desenvolvidas no romance no que toca a representação da travesti a partir das configurações possibilitadas pela autoficção.