Telefone/Ramal: | Não informado |
A perpetuação da memória coletiva de São Benedito através das festas em homenagem ao santo abordadas na obra “Um Cordel para São Benedito”, da autora Dinacy Corrêa
Literatura de cordel. Memória. Memória coletiva. São Benedito.
Uma amostra da produção contemporânea da literatura de cordel, arte secular cujas narrativas registram os eventos e histórias que mais impressionam uma comunidade, a obra “Um cordel para São Benedito”, da autora Dinacy Mendonça Corrêa, reconta o mito de São Benedito, que enquanto homem encontrou em sua fé uma razão para viver integramente diante das adversidades que lhe afligiam. Seus feitos milagrosos foram reconhecidos pela Igreja Católica após a sua morte, que o canonizou, oficializando seu culto em todo continente europeu, sendo posteriormente adotado no Brasil graças a influência dos seus colonizadores. Contudo, a figura de Benedito tornou-se popular não somente entre os membros da Igreja, mas também entre os afro-descentes escravizados da então colônia de Portugal, os quais se identificavam com seu “irmão de epiderme” e suas aflições. Dessa forma, instituíram-se dois grupos distintos que têm suas próprias manifestações em homenagem ao santo, sendo eles: o grupo da Igreja, que promove uma procissão anual que percorre as principais ruas das cidades do Maranhão; e os grupos dos brincantes do Tambor de Crioula, que provem em diversas épocas do ano rodas nas quais as coreiras dançam ao som frenético dos tambores tocados pelos coreiros. Na obra em questão, essas festas, descritas em versos cordelísticos com riquezas de detalhes, são celebradas no decorrer das décadas, no que se configura como uma tradição, que
transcorre as gerações, mantendo a memória de São Benedito viva no interior desses grupos, e também em todo estado do Maranhão. Logo, busca-se analisar “Um cordel para São Benedito” sob a perspectiva da memória coletiva, avaliando como as festas descritas na obra, que são promovidas pelos membros da Igreja e dos brincantes do Tambor de Crioula, cooperam para a perpetuação da memória do santo no estado do Maranhão, e
discutir os aspectos dessas celebrações que cooperam para essa continuidade. Como suporte teórico, tem-se as contribuições de Galvão (2000), Grillo (2015), Haurélio (2013), Melo (1994), entre outros, os quais abordam a temática da literatura de cordel, apontando sua origem, características e temáticas. Tem-se Bergson (1999), Cordeiro (2017, 2022), Halbwachs (2006) e Ricouer (2007) como base para a construção filosófica e sociológica
dos conceitos de memória e memória coletiva que irão nortear a análise aqui empreendida. Ao final, espera-se contribuir com os estudos cuja área de investigação entendem a Literatura como fenômeno histórico, estabelecendo diálogos e instaurando novas significações à identidade, cultura e memória.