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APOCALIPSE DOS TRABALHADORES: uma tragicomédia à luz dos direitos humanos
Literatura portuguesa contemporânea. Direitos Humanos. O apocalipse dos trabalhadores.
Neste estudo, abordam-se os recursos narrativos do romance o apocalipse dos trabalhadores (2017), de Valter Hugo Mãe, com o intuito de analisar de que forma as violações de Direitos Humanos formam questões amalgamadas no próprio corpo social. Em o apocalipse dos trabalhadores não há uma distância entre a voz do narrador e a dos personagens e a linguagem se apresenta em fluxo interior. Com isto, não há o mundo de um narrador absoluto e onisciente, nem outro das personagens. A obra demonstra em vários pontos cicatrizes sociais da exploração trabalhista e sexual, aspectos que indicam o registro do desrespeito aos Direitos Humanos. O problema que se colocada em o apocalipse dos trabalhadores é: o ser humano está trabalhando para viver ou vivendo para trabalhar? A sociedade está perdendo a humanidade, a capacidade de se emocionar e se comover com a dor do outro? Nesta obra, Portugal desponta em forma de um pequeno universo de relações sociais complexas, rompendo com o estereótipo de que a violação dos Direitos Humanos está associada tão somente à imagem de países periféricos: de África e América Latina. Com vistas a compreender a relação entre Literatura e Direitos Humanos, são fundamentais as ideias de Candido (2011); sobre violações de direitos humanos; é necessário o diálogo com Alves (1994) e Carlos Nogueira (2016) acerca da fortuna crítica das obras editadas por Mãe até 2016. A forma narrativa é preponderante para a sondagem que a obra faz das violações de Direitos Humanos. Para um melhor entendimento deste quadro de violência também se deve ao procedimento narrativo, que exerce domínio na realização estética do romance do escritor português contemporâneo. O livro refere-se ao apocalipse dos trabalhadores, à degradação da dimensão humana e social do trabalho. A condição de trabalhador aparece aqui numa versão pouco digna de mulheres a dias, emigrantes clandestinos e mal pagos nas obras e nos restaurantes, prostitutas e pescadores contratados.