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O relato do (in)dizível: desvendando a construção narrativa de O Olho Silva, de Roberto Bolaño
Construção narrativa; Violência; Ficção contemporânea; Representação; Roberto Bolaño.
Resumo da Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras – PPG-LETRAS, do Curso de Letras da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre em Letras.
Putas Assassinas é um livro de contos do escritor Roberto Bolaño, no qual conhecemos narrativas curtas em que figuram andarilhos, velhos, prostitutas, poetas, e outros tipos que se confundem com os sujeitos que o autor conheceu enquanto era um exilado político do Chile de 1973. Na obra, Bolaño opta por caminhos narrativos que vão ao encontro do relato que mistura realidade e sonho, fantasia e absurdo, fragilidade e violência, tudo isso inserido em uma paisagem de horror situada no que parece ser um prenúncio de desastre e tragédia. Assim, considerando a estrutura da obra escolhida, evidenciamos nossa opção pelo conto O Olho Silva, narrativa que abre o livro e na qual conhecemos Maurício Silva, jovem fotógrafo chileno exilado de seu país, e as suas jornadas ao redor do mundo, especialmente uma incursão ao submundo indiano onde encontra meninos que são emasculados em um ritual local. Nesse lugar o Olho precisará confrontar a violência que sempre tentou escapar, mas que parecia persegui-lo onde quer que fosse. Sendo esta violência uma constante na trajetória do protagonista, seus efeitos deixarão marcas, causarão impactos nos personagens, na narrativa e na forma como ela será contada. Neste sentido, como objetivo principal, tentaremos compreender como o conto O Olho Silva articula a narrabilidade e a vivência da violência. Desse modo, nosso trabalho se configura da seguinte maneira: inicialmente, estudaremos conceitos teóricos necessários sobre o contemporâneo, o realismo e o fenômeno da
violência e sua representação; em seguida, analisaremos ‘a verdadeira violência’ que paira sobre o relato do Olho; posteriormente, nos dedicaremos a analisar os aspectos narrativos do conto e seu papel na construção do texto; por fim, focaremos na construção do sujeito Olho Silva, sua personalidade e sua singularidade. Para tanto, privilegiaremos abordagens teóricas voltadas à representação, à escrita realista e as narrativas de violências, nesse sentido, como principais suportes teóricos utilizaremos os trabalhos de Avelar, Adorno, Benjamin, Agamben, Ginzburg, Schøllhammer, Dalcastagnè e outros, como um esforço crítico para compreender os mecanismos textuais da escrita bolañiana, no intuito de não só falar do horror da violência, mas de evitar que o horror seja esquecido, e mais do que isso, para que ele não se repita. Ao final do trabalho, a dissertação foi concluída com o quantitativo de cento e quatro páginas de análises e comentários a respeito da obra O Olho Silva.