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JADSON PINHEIRO SANTOS
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VIABILIDADE DO USO DE SÊMEN CRIOPRESERVADO DE TAMBAQUI Colossoma macropomum (Cuvier, 1816) (CHARACIFORMES: SERRASALMIDAE) EM ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS
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Data: 06/06/2023
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Os peixes constituem o grupo de vertebrados predominante em ambientes aquáticos e são afetados diretamente pela presença de contaminantes nos corpos hídricos. Ensaios ecotoxicológicos já foram descritos para refletir efeitos nocivos da contaminação de ambientes aquáticos, principalmente com resíduos de agrotóxicos, no entanto, existe uma lacuna na ciência sobre informações de protocolos de uso do sêmen de peixes para ensaios ectoxicológicos. No presente trabalho, objetivou-se analisar a viabilidade do uso de sêmen criopreservado de tambaqui Colossoma macropomum em ensaios ecotoxicológicos como estratégia de monitoramento da qualidade de ambientes aquáticos. A pesquisa foi realizada com uma busca sistematizada por artigos científicos no período de 2000 a 2019 utilizando-se da base de dados Web of Science, a partir dos descritores “fish reproduction”, “contamination”, “toxicology”, “ecotoxicity” e “biomonitoring”, combinados com uso dos operadores boleanos “and” e “or”. Após a busca, foi feita uma primeira triagem a partir da análise de conteúdo dos títulos e do resumo. Em seguida, foi feita a leitura integral de 98 artigos, sendo selecionados 40. Numa segunda etapa, foram feitos testes ecotoxicológicos com uso de amostras seminais de machos sexualmente maduros de tambaqui provenientes de uma piscicultura local em testes ecotoxicológicos com amostras in natura e criopreservadas. O sêmen foi coletado oito horas pós-indução hormonal em tubos de vidro. Após avaliação inicial de inexistência de ativação prévia, o experimento foi feito em esquema fatorial analisando dois agrotóxicos utilizados em sistemas agrícolas (glifosato e fenitrotiona). Para cada agrotóxico, foram testadas cinco concentrações (6, 12, 24, 120 e 240 mg/L), com posterior análise da motilidade espermática nos tempos 0, 30 e 60 segundos pós-ativação. Como controle (negativo), foi utilizada a ativação com solução de NaCl a 0,9% e análise da motilidade nos mesmos tempos descritos para os agrotóxicos. Por último, o trabalho apresenta artigo com a análise do biomonitoramento pesqueiro no Brasil e a observância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os resultados da busca sistematizada indicaram 25 espécies de peixes como bioindicadoras, com predominância do Danio rerio (18%). Os inseticidas estiveram presentes em 78% dos estudos, principalmente o endosulfan (35%) e a cipermetrina vi (13%). Distúrbios endócrinos reprodutivos foram as vias de ação mais relatadas (57,5%). Nos testes ecotoxicológicos, os resultados indicaram que as amostras de sêmen in natura exibiram motilidade inicial de 89,2±4,9% e tempo de duração médio de 100 segundos (até 10% de motilidade espermática). A redução da motilidade espermática ocorreu de forma significativa (p<0,05) após 30 segundos tanto para o glifosato quanto para fenitrotiona em todas as concentrações, exceto na de 240 mg/L que não apresentou ativação para ambos os agrotóxicos. Para o sêmen criopreservado, houve significativa redução da motilidade espermática logo após a exposição as soluções com resíduos de glifosato nas concentrações testadas em relação ao controle, sem ter havido, no entanto, diferenças significativas (p>0,05) entre as concentrações dos resíduos de glifosato. Ficaram evidentes os efeitos causados por agrotóxicos na reprodução de teleósteos de água doce, com indicação de sensibilidade das células espermáticas aos agrotóxicos, demonstrando a possibilidade de uso de sêmen criopreservado de tambaqui em testes ecotoxicológicos.
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LUIZ JORGE BEZERRA DA SILVA DIAS
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CORREDORES ECOLÓGICOS, PAISAGENS E VARIABILIDADES ECOLÓGICAS REGIONAIS: A FRAGMENTAÇÃO DE HÁBITATS NA AMAZÔNIA ORIENTAL
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Data: 24/11/2023
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As alterações impostas pelas pressões humanas no território amazônico brasileiro nas últimas décadas culminaram em vários impactos diretos aos sistemas ambientais associados a esse bioma holocênico, que rapidamente transformou-se em um conjunto de antromas, ou paisagens biomáticas antropocênicas. A despeito de ser a maior área florestal da Terra, a Amazônia perdeu no último século 59,53% de toda a sua biomassa original. Além das queimadas e do desmatamento, a abertura de novas fronteiras para implantação do agronegócio e a implantação de grandes projetos de integração de transportes e de geração de energia elétrica deram a tônica para tais perturbações, que foram mais expressivas em sua porção Leste. Esta, por sua vez, representa uma das suas oito regiões biogeográficas, denominada Centro de Endemismo Belém (CEB). Através da compilação e atualização de bases de dados, com a sistematização destas com o auxílio de técnicas de geoprocessamento, foi possível elaborar um banco de dados capaz de agregar dados de Geodiversidade, de formações vegetais e de padrões de uso e cobertura da terra, estes últimos entre os anos de 1985 e 2020. Como resultados, observou-se que a Geologia e a Geomorfologia devem ser consideradas parcialmente para a definição dos limites do CEB e as sete formações vegetais originais deram lugar a um mosaico de 51 categorias diferentes na atualidade. Os efeitos desse processo de alterações na cobertura nativa das terras foram advindos das pressões humanas pelo uso, responsáveis pela perda de 82,58% do total de florestas no CEB em apenas 35 anos. Os mosaicos contínuos de vegetação não ultrapassam os 20.885,80 km2 de um total de 247.635,44 km2. O uso de métricas de paisagem para a implantação de corredores ecológicos apresenta-se como uma possibilidade a depender das questões geopolíticas e econômicas para a configuração de cenas de uma Amazônia Oriental que não é mais natural.
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